Agricultores descontentes manifestaram-se em Mirandela

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Sex, 09/03/2012 - 12:14


A seca em Portugal é mais grave do que aquilo que os agricultores se queixam. As declarações são do director regional de Agricultura e Pescas do Norte, que ontem recebeu uma comitiva representativa da manifestação de agricultores que decorreu em Mirandela, e promovida pela CNA (Confederação Nacional de Agricultura).

Segundo Manuel Cardoso, o governo tem o pior cenário em cima da mesa, pode não chover mais nos próximos meses, daí ser necessário salvaguardar medidas para uma situação calamitosa.

 

Existe o cenário de não chover mais nos próximos meses. Mas, o director regional vai mais longe e afirma que o Governo tem de estar preparado para o pior cenário possível, ou seja, a seca prolongar-se pelos próximos dois anos.

 

“A situação é mais grave do que aquela que os agricultores se queixam mas está a ser devidamente acompanhada e uma das situações porque não se faz já a demagogia de dizer que se vai dar já um subsídio é porque temos de estar preparados para o pior, que pode ser termos dois anos sem chover”, diz.

 

Segundo o director regional, já ontem começaram a ser cheios os canais de rega em algumas zonas, bem como tem sido feita a monitorização dos efeitos da seca.

 Para Manuel Cardoso, esta manifestação da CNA vem fora de tempo, pois o governo já tomou medidas que vão ser anunciadas nos próximos dias, onde serão facilitados mecanismos que irão satisfazer às principais reivindicações dos agricultores.

“Estão a ser estudadas várias medidas que vão de encontro àquilo que os agricultores estão a pedir e que serão anunciadas dentro de dias”.

 O director regional diz que a ajuda financeira também irá ser antecipada

“Estamos a tentar pagar o mais depressa possível os 20 por cento que falta pagar do ano passado e antecipar para agora os pagamentos de Outubro”, diz.

 

Com a seca, neste momento só ainda se perderam os pastos, o que tem levado a que os stocks de feno e forragens estejam quase no fim.

 “Só se perdeu os stocks de fenos e forragens que os agricultores tinham e estão irreversivelmente perdidas.”

Manuel Cardoso adiantou ainda que foram ontem aprovados, no Proder, 11 milhões de euros para projectos agrícolas a implementar na zona norte.

  

Declarações que acontecem no dia em que se realizou uma manifestação que juntou mais de duas centenas de agricultores transmontanos, para analisar e reclamar medidas urgentes do governo, para ajudar a minimizar os graves problemas da agricultura, sanidade animal e consequências da actual situação de seca. Os agricultores estão a ficar desesperados.

 

“Estamos com graves problemas devido à seca, porque os animais precisam de comer muitas forragens e como estão a escassear, temos de comprar. Se não houver uma ajuda, entramos em dificuldades”, diz um. “Os agricultores estamos para morrer todos à fome”, diz outro, indignado. “Se calhar nem vamos a ter nada este ano, nem azeitona nem batatas”, dizem outrs duas agricultoras.

 

Armando Carvalho, dirigente da CNA, diz que o Governo já deveria ter tomado medidas, pois existem animais que já estão a morrer à fome por falta de pastos.

Escrito por Terra Quente (CIR)