Agricultores criticam Governo em Mirandela

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Qua, 06/05/2009 - 09:58


Mirandela foi a localidade escolhida para acolher a nova delegação de Trás-os-Montes da Confederação dos Agricultores de Portugal. A centralidade e a proximidade com a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte foram fundamentais para esta escolha da CAP. E foram várias as críticas que se ouviram na inauguração.    

Para o presidente da CAP trata-se de um novo ciclo na vida da confederação, tendo em conta que fecham as delegações de Vila Real, Moncorvo e Bragança, para centralizar em Mirandela. João Machado revela que se trata de uma reestruturação da forma como a CAP vai relacionar-se com as associações filiadas. “A abertura da delegação segue-se ao fecho de três outras delegações. É um novo modo de trabalhar”, diz, que acusa o ministério de retirar funções às associações de agricultores.

 

Mário Abreu Lima vai coordenar esta delegação de Trás-os-Montes da CAP. “Com o apoio mais direccionado às associações na informação directa, a legislação nacional ou vinda de Bruxelas é tratada e enviada para esta delegação que a fará chegar a todas as associações agrícolas da região. Outra que está a ser negociada com a Direcção Regional de Agricultura do Norte é esta sede poder ser uma placa giratória de apoio entre a DRAN e as associações, de forma a informação poder chegar ao agricultor e, por outro lado, levar as suas queixas e anseios à DRAN”, explicou.

 

Queixas que são muitas, principalmente relacionadas com a inércia do PRODER e a descida dos preços dos produtos agrícolas pagos ao produtor, com reflexos já bem nefastos nos produtores de leite da região.

 

“Há três anos que o sector agrícola se vê arredado de programas de apoio comunitário para o investimento agrícola por não lhes estarem colocados os instrumentos de financiamento disponíveis na região. Desde 2007 que o PRODER devia estar a ser implementado e em Portugal ainda não temos um único projecto em curso. Para além de se assistir à degradação dos preços da matéria agrícola. O leite cai, a carne cai, há queixas profundas. O abaixamento de quatro cêntimos por litro do leite pode levar os produtores à falência pura”, acusa.  

 

E o presidente da CAP, João Machado, também não poupa críticas ao Ministro da Agricultura e ao Primeiro-Ministro por considerar que não defendem os agricultores portugueses.

 

“O que o ministro da Agricultura diz é pura propaganda política. O Primeiro-ministro disse em Janeiro que tinha reforçado o orçamento de estado em cem milhões para poder aprovar mil milhões de euros de projectos de investimento na agricultura portuguesa. Até hoje não há nenhum em execução. Agora, o mesmo Primeiro-ministro disse que esses mesmos projectos estarão assinados e prontos para executar no final deste ano. É só a diferença de um ano, de Janeiro para Dezembro”, ironizou João Machado, que considera “desesperante o posicionamento do Governo”.

 

João Machado está a realizar, até ao final da próxima semana, um périplo pelo país, para fazer, junto das associações filiadas, o balanço da governação socialista no sector, e não descarta a possibilidade de se avançar para uma manifestação nacional.

 Escrito por CIR