Adão Silva teme que doentes com cancro do distrito sejam afectados por reorganização de serviços

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Qui, 07/01/2010 - 11:27


O Centro Hospitalar do Nordeste pode vir a ser afectado pela reorganização da rede de Referenciação Hospitalar de Oncologia, que trata os doentes com cancro. Esse é, pelo menos, o receio do deputado do PSD Adão Silva, depois de ter sido apresentado na última terça-feira, na comissão parlamentar da saúde, um documento que prevê requisitos mínimos para que alguns serviços continuem a funcionar.  

“Esta questão é, para nós, muito preocupante, porque os responsáveis foram interpelados várias vezes sobre os serviços que iriam ser extintos, e não o disseram. Disseram apenas que queriam concentrar serviços e suprimir outros que não tivessem um determinado limiar de respostas. Ora, estas afirmações são preocupantes para os nordestinos, porque se extinguiram maternidades porque não se atingia um limiar mínimo de partos. A situação para nós é penosa porque somos poucos e procuramos pouco os serviços dos hospitais e não preenchemos os tais números mínimos”, defende Adão Silva.

 

 

O deputado laranja compara mesmo este estudo prévio com a situação vivida em 2005.

“O documento defende que haja uma concentração. Dizem eles para que haja mais profissionalismo, melhor qualidade do atendimento. Pois, conversa que conhecemos bem e que já se repetiu nas vezes anteriores e com grandes prejuízos. Por isso é que agora, em número recorde, há senhoras que têm os seus partos nas bermas das estradas.” Por isso, refere que “tudo fará” para que não se repita a cena da supressão de serviços e da obrigação de pessoas terem de se deslocar para o litoral para se tratarem a uma doença, que é uma das principais causas de morte no nosso distrito.”

Em causa poderão estar o tratamento de quimioterapia, que se realiza no Hospital de Dia, em Macedo de Cavaleiros, um centro de cuidados paliativos para doentes com cancro, na mesma unidade hospitalar, e cirurgias mamárias, do cancro cólon-rectal e do estômago.

 

 

Para já, o deputado social-democrata interpelou o Governo no sentido de ver esclarecido se vai ser encerrado algum serviço ou algum procedimento no distrito de Bragança.

 

 

“Queremos saber se no distrito de Bragança também vamos ter mais uma vez uma situação de penalização em que as respostas de saúde que agora eram dadas no distrito de Bragança passarão a ter de ser procuradas pelas pessoas no IPO do Porto.”

 

Ora, quem não está, para já, preocupada é a administração do Centro Hospitalar do Nordeste. António Marçoa, um dos membros do conselho de administração, diz mesmo que está “optimista”.

 

 

“Por dois motivos. Primeiro, porque o documento é racional, está tecnicamente correcto. Ou seja, tenta estabelecer as condições mínimas para que os doentes sejam correctamente tratados, E isso não é contestável”, sublinha. António Marçoa refere que o documento sustenta “um número mínimo de cirurgias que têm de ser realizadas porque tem de haver treino para os profissionais. Enquadra também a questão de oncologia médica, nesta caso, as sessões de quimioterapia do hospital de dia. Mas não é um documento fechado, ou seja, não diz que ‘é assim e acabou’. Refere a especificidade de hospitais mais isolados.”  

 

 

O documento entregue aos deputados, a que a Brigantia teve acesso, refere como condição para a continuidade dos serviços um mínimo de 50 cirurgias de cancro da mama e 30 aos cancros do estômago e do colon-rectal. António Marçoa diz que o CHNE está muito perto de cumprir esses requisitos.

 

 

“Destas três, quanto à de estômago e à de cólon-rectal, não me parece que haja qualquer problema porque em 2008 ultrapassámos os mínimos referidos. Na cirurgia da mama, de facto, se fosse verificado todo o ano passado, não cumprimos o número apontado. Mas se se for verificar o movimento que tivemos no último trimestre e fazendo as contas proporcionalmente ao ano, ultrapassámos largamente.”

 

Isto devido à reestruturação do serviço de cirurgia, no último Verão. Para além disso, o administrador do CHNE refere que em Macedo de Cavaleiros são feitos, anualmente, quase mil tratamentos de quimioterapia, tendo sido estabelecido recentemente um protocolo com o Instituto Português de Oncologia do Porto, no sentido de fixar em Bragança ainda mais cirurgias.

 

 

António Marçoa sublinha ainda o facto de este documento ser apenas o início da discussão pública sobre esta questão, que está ainda em aberto, e salvaguardar os hospitais com especificidades próprias, como a região em que estejam inseridos.

 

 

Escrito por Brigantia