Ter, 01/02/2011 - 09:13
Nas legislativas de 2009 a abstenção foi mais de 48 por cento e quase atingiu esse valor nas presidenciais de 2006.
Dentro do concelho, Espinhosela, uma freguesia no coração do Parque Natural de Montesinho, foi uma das que voltou as costas ao acto eleitoral.
A abstenção aqui superou os 67 por cento há uma semana.
Mas Telmo Afonso, o actual presidente de junta, revela que já houve casos piores.
“Numas eleições para o Parlamento Europeu a abstenção rondou os 80%, mas nas últimas autárquicas a adesão às urnas já foi muito elevada. Nestas presidenciais foi falta de motivação porque as pessoas pensavam que a reeleição de Cavaco Silva estava assegurada” explica.
Já o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, encontra outros motivos para a falta de participação cívica.
“Nesse fim-de-semana, as temperaturas foram muito baixas e os concelhos mais afectadas foram aqueles em que a abstenção se manifestou de forma mais significativa” refere. Por outro lado, aponta também o “progressivo afastamento da população relativamente a actos políticos importantes da democracia”.
Por isso, Jorge Nunes concorda “em parte” com a ideia defendida por alguns de tornar o voto obrigatório.
Mas Jorge Nunes aponta ainda as “pessoas que estão ausentes da freguesia em que estão recenseadas” como uma das causas.
E foi precisamente a limpeza dos cadernos eleitorais que fez o distrito de Bragança perder um deputado nas últimas eleições legislativas.
Isso tornou Mota Andrade um dos deputados mais “caros” do PS.
“Nas últimas eleições legislativas o distrito perdeu um deputado por cerca de 560 eleitores e isso fez com que eu tivesse sido um dos deputados do PS que mais votos teve” refere.
Mota Andrade admite a existência de alguns eleitores “fantasma” no distrito, mas defende que a maioria dos que não votam são emigrantes que continuam recenseados na freguesia de origem mas não vêm a Portugal votar.
O problema, segundo explica Henrique Ferreira, professor de sociologia da educação no IPB, é uma mistura explosiva de diversos factores.
“Bragança é um dos concelhos com muita emigração, há muita gente no estrangeiro. Depois há u segundo factor que é o facto de Bragança ter muitos estudantes fora e que não se deslocam para vir votar” explica.
Henrique Ferreira diz ainda que a somar a isso há um descontentamento da população com a política.
Mas a abstenção não é um fenómeno exclusivo do concelho de Bragança.
Nas últimas legislativas e presidenciais a abstenção foi também elevada em Vimioso, que teve 65,7 por cento em 2011, 51,3 por cento em 2009 e 51,6 por cento em 2006 enquanto Vinhais chegou aos 64,7 por cento, 48,6 por cento e 51 por cento, respectivamente.
Escrito por Brigantia