Seg, 12/05/2025 - 08:51
76 a 90% das pessoas com Espectro de Autismo, na Europa, são desempregadas. Segundo Charlotte Coelho, psicóloga no Hospital Terra Quente, as empresas não dão emprego a estas pessoas porque consideram que não têm capacidade.
No sábado, no segundo Seminário de Neurodiversidade e Inclusão, que aconteceu em Bragança, a psicóloga deixou assente que o grande problema dos empregadores na região é a falta de informação sobre pessoas com problemas de neurodesenvolvimento. “Temos uma taxa de desemprego, no autismo, vergonhosa. A maior parte dos meus jovens adultos estão cheios de capacidades, muitas vezes, muito mais do que quem não tem autismo, e não têm acesso, ou porque se sabe que as pessoas têm autismo, ou porque não foram tão eficazes na entrevista, quando na verdade, a nível técnico, muitas vezes, eram a melhor pessoa para o lugar”, esclareceu, dizendo ainda que o “problema” está na “interpretação” que a comunidade faz da palavra autismo. “O facto de a palavra autismo vir associada a esta questão da incapacidade faz com que, muitas vezes, se o entrevistador souber que a pessoa está no espectro, crie um preconceito e não sei até que ponto será assim tão imparcial na seleção do candidato”, referiu ainda.
Na região, o ensino estruturado para alunos com necessidades educativas especiais, incluindo crianças com autismo, é praticado apenas no Agrupamento de Escolas D. Afonso III, em Vinhais. Charlotte Coelho diz que urgente que as escolas compreendam que o ensino estruturado pode existir em qualquer parte. “Ainda há muito o preconceito de que o ensino estruturado é uma sala à parte na escola. Quando não é. O ensino estruturado pode de ser implementado em qualquer sítio, numa casa de banho, numa piscina, na sala, na casa da avó, numa sala de aula completamente comum, no ginásio”.
Além da falta de respostas educativas, na região há muitas mais carências que é necessário corrigir. “Há, claramente, falta de recursos, em termos de quantidade, técnicos superiores a nível do Sistema Nacional de Saúde, a nível da escola, assim como falta de formação especializada”.
O Seminário de Neurodiversidade e Inclusão é promovido pelo Hospital Privado de Bragança, em parceria com o Hospital Terra Quente e o Hospital Privado de Chaves. Aconteceu no sábado a primeira sessão mas no dia 17 há ainda mais uma.
Escrito por Brigantia