Caligrafia bonita levou transmontano António Cordeiro ao caminho de docente em Timor Leste

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Qui, 01/08/2024 - 08:22


António Cordeiro esteve em Timor Leste de 1966 a 1968, onde foi professor, tendo apenas a quarta classe.

Hoje em dia, para se ser professor é preciso estudar bastante. Noutros tempos, há 60 anos, António Cordeiro, natural de Santulhão, no concelho de Vimioso, não precisou mais que a quarta classe para abraçar esta profissão. Bastou-lhe ter uma letra bonita.

António Cordeiro rumou a Timor Leste na década de 60 para a Guerra Colonial. Com a falta de professores foi feito docente porque tinha uma caligrafia fora do comum. O transmontano deixou o conflito pela arte de ensinar e admite que, tendo apenas a quarta classe, nunca esperou dar aulas. “Uns professores tinham de ser rendidos porque tinham de ir embora e tinham lá uns 60 alunos e disseram-me que tinha de ser eu, porque tinha uma boa caligrafia e tinha jeito. No primeiro ano foi na companhia, no segundo ano fui para as escolas. Tinha de ensinar o abecedário e muito até já me imitavam a escrever”, lembra.

Natural de Santulhão, no concelho de Vimioso, António Cordeiro, que esta semana completou 80 anos, diz que foi aperfeiçoando a caligrafia ao longo do tempo e que há muita gente que não acredita que seja real.

António Cordeiro foi para o serviço militar aos 21 anos. Esteve em Timor de 1966 a 1968. Quando voltou emigrou. Esteve em França e, depois, no Brasil. Regressou a Portugal há 10 anos, com a mulher, que morreu, logo após a chegada. Diz que tem agora tem mais tempo para se dedicar ao aperfeiçoamento da caligrafia e também começou a escrever versos de forma mais regular. São formas de passar os dias, que acabam por ser, muitas vezes longos. “Escrevo versos, escrevo o que me vem à cabeça, agora que me dediquei à escrita, porque antes não tinha tempo. É um entretenimento e quando vou a ver o tempo já passou”, contou.

Por Santulhão, onde reside, tal como quando era novo, António Cordeiro ocupa o tempo a escrever e a tratar da horta.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves