Qua, 10/02/2021 - 09:07
Face à situação pandémica estas carrinhas, com pão, fruta, legumes, mercaria e peixe ganham uma maior importância. E à hora marcada os clientes esperam pelo sinal da buzina para fazer compras à porta. Em alguns casos, por estes dias, quase tudo é comprado a estes vendedores.
"O padeiro vem sempre trazer-nos o pão, não saímos muito da aldeia”, disse Natália Pires. Conta que antes cozia pão mas agora já não consegue, por isso se o padeiro não viesse só se mandasse “vir de Bragança”.
O risco de contágio e o confinamento levam as pessoas a ter mais cuidados e muitas evitam sair da aldeia ou reduzem as deslocações ao essencial.
“Tenho medo, tinha uma consulta há uns dias e não fui”, disse Virgínia Ervedosa, que referiu eu já não sai da aldeia há dois meses.
“Não se pode sair, só saio de casa até aqui, porque está aqui ele [o peixeiro], senão não saía”, contou Ilda César.
José Luís Pereira e o irmão vendem pão em dezenas de aldeias do concelho de Bragança. Admite que nesta terceira vaga da pandemia encontra muitas pessoas receosas na sua ronda, mas diz que quem responde à chamada da buzina são normalmente os clientes habituais. Ainda assim por estes dias a padaria em França escoa a maioria do pão com estas distribuições pelas aldeias.
“A maioria é nas aldeias, porque em Bragança a venda caiu 60 a 70 %, porque a maioria dos clientes são restaurantes e agora estão fechados”, explicou.
Também Luís Abel Nogueiro, que vende peixe há cerca de 20 anos pelas aldeias, encontra por norma os clientes habituais. No entanto, recorda que durante o primeiro confinamento levava algumas encomendas e chegou a diversificar os produtos que traz na carrinha.
“Trago uma frutazinha, uns legumezinhos, porque as pessoas idosas pedem. Eu na vaga até medicação levava às pessoas, agora neste confinamento não, porque até há mais movimento. Nota-se muita diferença, no primeiro confinamento vendia-se muito mais”, referiu.
Luís Gonçalves vende mercearia pelo meio rural. Uma avaria na carrinha de distribuição tem impedido o vendedor de fazer o circuito habitual e a ausência tem sido notada.
“A carrinha avariou e eu fui avisando, mas aquelas a quem eu disse que não ia elas já me ligaram. Já tive que ir levar mercadoria a casas”, contou.
Um serviço com que muitos contam no meio rural. E ainda que o número de clientes tenha vindo a diminuir ao longo do tempo, para muitos a venda ambulante continua a ser essencial para que alguns bens lhes cheguem.
Escrito por Brigantia