Seg, 09/04/2012 - 10:47
Paulo Meirinhos dos Galandum, diz que este é mais um acto de defesa da cultura da região, por isso quiserem marcar presença para ajudar. “Nós identificamo-nos também um pouco com esta causa, pela cultura do nordeste transmontano, muitas das músicas que nós tocamos também terão influência judaica e quisemos também colaborar com este concerto para ajudar um pouco o museu também. São amigos que já conhecemos há alguns anos, com os quais temos uma boa relação e é também, como nós dizemos ‘botar uma mão’ aos amigos”.O Museu é já um anseio que vem do tempo da criação da Associação em 2002. Paulo Lopes, presidente da associação Almocreve, confessa que o mais difícil foi arranjar o dinheiro para arrancar com o projecto. Mas com a ajuda de todos, a conclusão das obras é já uma realidade à vista com data prevista de conclusão até ao final deste ano. “Do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural) vêm 60 por cento, temos algum apoio da Câmara Municipal de Vimioso e estamos à espera de ter também algum apoio da Junta de Freguesia de Carção. Nós temos muitos donativos. No ano passado tivemos imensa gente que contribuiu, a população tem contribuído em massa, não nos podemos queixar. Os restantes 40 por cento devem-se a este tipo de iniciativas, mais alguns apoios, colaborações de alguns amigos e tem sido assim um bocadinho…”, salientou.Mas se a casa museu já está praticamente feita, falta o que lá meter. Essa é também uma das preocupações da Associação Almocreve, pois muitos dos objectos que representam o judaísmo em Carção estão em mãos de privados:“Deviam estar mais bem preservados. São casas privadas, esse é o grande problema. O nosso objectivo com o museu é também preservar isso mesmo. As pessoas doam para o nosso museu e será uma forma de manterem e preservarem esses símbolos. A questão dos cruciformes que há em várias casas, dizerem que realmente eram judeus, o leão de Judá … as inscrições em hebraico que significam o número oito, depois a pedra lavrada onde tem lá o processo de um senhor que foi morto por partir uma cruz de cristo e isso está no lago das fontes, nas fontes tem lá a marcação de 1661 que foi a partir daí que houve o maior massacre na povoação…”, descreveu.Assim, e integrada na visita ao museu, vai ser possível fazer uma visita à aldeia pelos locais mais representativos do judaísmo. Paulo Lopes acrescenta ainda a necessidade de uma comunicação com outras localidades da região onde o judaísmo tem maior expressão, no sentido de ser possível criar uma rota turística do judaísmo pelo Nordeste Transmontano. Quem assistiu ao concerto dos Galandum Galundaina no passado sábado, contribuiu com 2 euros que reverteram integralmente para o museu Judaico. Os presentes mostraram-se satisfeitos pela festa e por ajudarem a preservar as origens culturais de Carção. “O meu avô era de Carção e o meu pai também, estando nós agora a viver em Macedo de Cavaleiros. Não tinha sinceramente recordação destas coisas, tinha ouvido algumas histórias aos meus pais mas através da revista lançada pela associação Almocreve recordei algumas dessas histórias”, contou um dos presentes.
Um sábado de Páscoa com certeza diferente, com regresso às origens judaicas em Carção.
Escrito por Brigantia (CIR)