Viegas acredita na compatibilização da barragem do Tua com paisagem património mundial

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Seg, 12/12/2011 - 09:20


Apesar da polémica, a barragem do Tua acabará por ser compatível com o título de Património Mundial do Alto Douro Vinhateiro. Esta é a convicção assumida pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, ontem, durante uma visita pessoal à zona onde decorrem as obras da barragem. 

O responsável pela pasta da Cultura do Governo Português acredita que, apesar das ameaças que pairam sobre a classificação da Unesco, atribuída ao Douro há 10 anos, acabará por ser alcançado um consenso entre as diversas entidades envolvidas“Penso que as pessoas estão sensibilizadas para esse problema e para os limites que é necessário impor, desde as autoridades envolvidas ao promotor da barragem e da própria UNESCO. Penso que se caminha para um consenso em redor desta matéria” afirma.O secretário de Estado não chegou ontem a entrar na obra, mas da ponte rodoviária que une os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães obteve uma panorâmica da ferida aberta no vale do Tua e da área onde vai ser construída a central eléctrica. Francisco José Viegas assegura que a prioridade é tentar minimizar os efeitos de contra-ordenação paisagística durante e depois da construção da barragem.“O que é inevitável é não perder o estatuto de património mundial e tudo faremos para que se mantenha e salvaguarde” garante.Para minimizar os impactos e enquadrar melhor a central eléctrica na paisagem do Douro, a EDP contratou o arquitecto Souto Moura. A ideia é conseguir que a central acrescente valor naquela zona.Recorde-se que na passada quarta-feira veio a público um relatório da ICOMOS, uma associação de profissionais da conservação do património e órgão consultivo do comité da UNESCO, em que alertava para a possibilidade de o Alto Douro Vinhateiro perder o estatuto de Património Mundial, por causa da construção da barragem do Tua, já que tem “um impacto irreversível e ameaça o valor excepcional universal” que esteve na base da classificação.Francisco José Viegas entende, porém, que não há razões para ter de escolher.“Eu acho que não se pode colocar essa dicotomia, não existem razões para que o património não seja absolutamente salvaguardado” refere.Por outro lado, adianta Viegas, há mais razões de preocupação no Douro para além da barragem.“Por exemplo alguma construção desordenada, desrespeito pelas exigências da própria zona especial de protecção que também são ameaças. O próprio traçado das vinhas que levou à classificação tem contornado o que é tradicional e isso também é uma das coisas que eu já tinha alertado”.Preocupações de Francisco José Viegas manifestadas, ontem de manhã, junto à zona onde está a nascer a barragem do Tua.

O secretário de Estado da Cultura vai participar quarta-feira, no Museu do Douro, na cerimónia evocativa dos 10 anos do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial.

Escrito por CIR