Gastrónomo alerta para perda de identidade regional

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Qui, 09/06/2011 - 09:21


A identidade gastronómica da região transmontana pode vir a perder-se no prazo de 50 anos. A opinião é de Virgílio Gomes autor do livro “Transmontanices, Causas de Comer”. 

O autor considera que se não houver uma maior preocupação em manter essa identidade, por exemplo através da educação dos jovens, em meio século Trás-os-Montes “ficará descaracterizado”.“Com a descaracterização galopante que está a acontecer nas regiões, a identidade regional gastronómica transmontana daqui a 50 anos é matéria de arqueologia porque a matriz mais desaparecer rapidamente” refere, acrescentando que “ou há grupos de interesse, uma forma de educar ou Trás os-Montes ficará descaracterizado”. O livro “Transmontanices” reúne um conjunto de crónicas em que o autor recorda as refeições típicas transmontanas em ambiente familiar, bem diferentes das que agora se fazem e que muitas vezes são fora de casa. “Tenho muito de memórias em relação a coisa simples da comida que tem sobretudo a ver com a forma como fui educado, através de rituais de identificar a comida em família porque o facto de comer fora de casa é uma coisa muito recente” salienta. Na opinião do gastrónomo a alheira é outro prato típico que está a ser descaracterizado, com o aparecimento de enchidos de vários sabores que no seu entender não deviam usar o nome “alheira”.“A campanha que eu movi a nível nacional contra a alheira de bacalhau não tem nada a ver com o enchido” mas é pelo facto de “aquele enchido se chamar alheira” explica, uma vez que “a alheira tem um pressuposto de carne até porque é um derivado da matança do porco. Tem de ter gordura para se auto-cozinhar com ela e perde o sentido quando se faz com outra coisa sem ser carne”. “Transmontanices, Causas de Comer” conta com ilustrações de Graça Morais e prefácio de Inês Pedrosa.

É o primeiro livro do gastrónomo que, agora reformado está já a preparar outras duas publicações.

Escrito por CIR