Qui, 21/04/2011 - 15:15
Esta espécie de caprinos estava seriamente ameaçada de extinção, havendo, apenas 15 produtores com um efectivo de cerca de 600 animais concentrados nos concelhos de Bragança e Vinhais. Após o reconhecimento, a Associação Nacional de Caprinicultores de Raça Serrana (ANCRAS) passou a ser a gestora do registo zootécnico da raça, com os técnicos a procederem ao registo dos animais com vista à sua inscrição no livro genealógico e dessa forma permitir um melhor acompanhamento destes animais, de forma a tentar preservar a raça e até aumentar o seu efectivo para potenciar todo o valor de produtos, como o leite utilizado na confecção de queijo ou a carne de cabrito. Para tal, os 15 produtores foram incentivados a apresentarem candidaturas às medidas agro-ambientais no âmbito do PRODER, só que recentemente, o Governo decidiu suspender os apoios às raças autóctones, deixando desiludidos os produtores e a ANCRAS, como entidade gestora.“Quando nos foi dado o livro genealógico desta raça os nossos funcionários começaram a abordar os criadores desta raça para tentar aumentar o efectivo dizendo-lhes que poderiam candidatar a estas ajudas, mas depois quando fomos fazer a inscrição, estavam canceladas e os criadores não ficaram muito satisfeitos” refere o presidente, Arménio Vaz. Caso fossem aprovadas as candidaturas, os produtores poderiam vir a receber cerca de 30 euros por cabeça por se tratar de uma raça ameaçada de extinção. Com esta suspensão dos apoios, o secretário técnico da raça, Manuel Amândio, teme que os produtores venham a desistir e dessa forma a raça da cabra preta de Montesinho corre sérios riscos de extinção.“Estávamos à espera do reconhecimento da raça há dez anos. No ano passado ainda houve a indicação por parte da Direcção-Geral de Veterinária de que os criadores poderiam vir a candidatar-se às medidas agro-ambientais. O processo acabou por não decorrer a tempo” recorda o responsável. “Este ano, as pessoas iam poder candidatar-se pela primeira vez” salienta, mas “não há novas candidaturas às medidas agro-ambientais e põe tudo completamente em causa, podendo vir a receber 30 euros por cabeça”. “O seu interesse vai esmorecer e parte das pessoas vão desistir” lamenta. A cabra preta de Montesinho corre o risco de extinção, depois de terem sido cancelados os apoios às raças autóctones.Entretanto, a ANCRAS já apresentou um protesto por esta situação à comissão parlamentar de agricultura, esperando que o novo Governo possa voltar atrás nesta decisão de suspender os apoios.
Também Agostinho Lopes, deputado do PCP na Assembleia da República, já fez chegar ao Ministro da Agricultura o seu descontentamento sobre esta questão e pergunta ao titular da pasta da Agricultura porque não foram consideradas soluções de reprogramação do PRODER permitindo a continuação das candidaturas às medidas agro-ambientais.
Escrito por CIR