Seg, 21/02/2011 - 12:25
Uma visita que, como é habitual nestas ocasiões, não começou à hora marcada. Em Samil, mesmo às portas de Bragança, esperava Maria Antónia Pereira, como espera há um ano pelo dinheiro de um terreno onde passa a variante à cidade, incluída na nova auto-estrada.
“Ainda está mais atrasado no pagamento, que ainda não vimos um tostão e esse terreno onde está a tenda onde vão falar era meu. Já há mais de um ano que têm isso destruído. Falar com ele? Para quê?”, diz.
Apesar de tudo, José Sócrates lá apareceu e sublinhou que este é o maior investimento de sempre em acessibilidades em Trás-os-Montes. Dois mil milhões de euros distribuídos pelo túnel do Marão, a concessão Douro Interior, que engloba o IP2 e o IC5, e a auto-estrada transmontana.
“Isto quer dizer que pela primeira vez Trás-os-Montes vai ter as infra-estruturas rodoviárias que permitirão encarar o futuro de forma confiante. Era o mínimo que o país podia fazer. E o túnel do Marão, quando estiver pronto, deixará de haver para cá e para lá do Marão. Será um país mais justo, em que ninguém fica para trás”, disse o Primeiro-Ministro.
Mas apesar do atraso da região e das promessas feitas anteriormente, a A4 vai mesmo ter portagens.
“Resultou de um acordo feito com o PSD na Assembleia da República. Terá portagens sim, mas com excepções para as pessoas que aqui vivem, para poderem ser compensadas pelo facto de os rendimentos estarem abaixo da média nacional. Isso é que é fazer justiça.”
As três auto-estradas vão permitir criar 29 mil postos de trabalho e afectar 700 mil pessoas.
Só a auto-estrada transmontana vai permitir encurtar em 36 minutos a viagem entre Bragança e Vila Real e poupar 44 minutos entre Bragança e o Porto.
Mas, mais do que isso, também se espera uma redução de 65 por cento na sinistralidade.Ao todo são 186 quilómetros, 130 deles de nova construção.Quem não ouviu as palavras de José Sócrates foi o presidente da Câmara de Bragança.
Jorge Nunes nem quer acreditar que as portagens avancem de facto.
“Não ouvi essas declarações mas esta auto-estrada foi lançada em regime de SCUT, com portagens nas variantes a Bragança e Vila Real. Já nessa altura entendíamos que os locais não deveriam pagar, pelo menos enquanto o rendimento médio não atingisse um valor em relação à média nacional. Se isso acontecer, diria que a palavra do Primeiro Ministro se manteve. Se isso não acontecer, haveria uma alteração de princípio, o que eu não acredito. Acredito que a região continuará isenta de portagens enquanto o rendimento médio não se aproximar da média nacional, porque esse é o compromisso político existente”, disse Jorge Nunes.
Mas, como se ouviu, e apesar da incredulidade do presidente da câmara de Bragança, a A4 vai mesmo ter portagens, ainda que com algumas isenções para os residentes, tal como vai acontecer com a A24 já a partir de 15 de Abril.
O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, explica que vai haver viagens gratuitas e descontos para os transmontanos.
“Todo o território transmontano estará isento na acessibilidade, nomeadamente na A24, com dez utilizações mensais em toda a extensão da A24, e um desconto de 15 por cento nas restantes. É necessário um processo de habilitação, pela internet, provando que o carro é oriundo desta região. Na A4 o processo será o mesmo”, explicou Paulo Campos.
O Governo estima que o túnel do Marão abra ao trânsito já em Janeiro de 2012, enquanto a restante auto-estrada estará pronta até final do ano.
Já a Autoestrada Transmontana implica um investimento inicial de 440 milhões e servirá 250 mil pessoas dos concelhos de Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.
Escrito por Brigantia