Denúncias de casos de violência quadruplicaram nos centros de saúde

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Qua, 15/12/2010 - 09:20


Aumentaram quatro vezes os casos de vítimas de violência sinalizados nos Núcleos de Apoio à Violência Doméstica do distrito de Bragança. Os números foram divulgados ontem no seminário sobre violência doméstica e gravidez, realizado pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, em Bragança. Quando começaram a funcionar, em 2007, os 15 núcleos espalhados pelos 12 concelhos do distrito mais Vila Nova de Foz Côa registaram 21 casos.  

Mas Ludovina Martins, socióloga do ACES Nordeste, revela que este ano já foram sinalizadas 84 vítimas.

“Uma continuam em apoio, outras foram apresentadas queixas-crime, outras encaminhadas para casas-abrigo. Há outras que fazem questão de continuar no agregado familiar mas precisam de apoio psicológico, social e médico” refere, acrescentando que “temos esta evolução desde 2007, mas e 2010 temos 84 casos nos centros de saúde”.

 

A socióloga acredita que a maior proximidade entre a população e o médico de família tem contribuído para o aumento de denúncias feitas nos núcleos dos centros de saúde.

“É uma resposta de proximidade por serem técnicos que conhecem e em quem confiam, que é fundamental. Os núcleos têm feito um trabalho extraordinário em termos de divulgação e alerta porque isto era uma questão que se passava dentro de casa” refere.

 

Bragança e, sobretudo, Mirandela, concentram a maior fatia de casos sinalizados no Nordeste Transmontano.

“Este ano Mirandela teve muitas situações de violência doméstica detectadas pelos centros de saúde pois as utentes foram lá procurar ajuda” adianta. “Muitas vezes está associado a problemas de álcool e toxicodependência. Penso que foram 21 casos” adianta a responsável.

 

Cada núcleo tem equipas de várias áreas, compostas por pelo menos um médico, um enfermeiro, um psicólogo, um assistente social e um administrativo, que podem depois encaminhar os diferentes casos para os diversos tipos de acompanhamento.

Recorde-se que no ACES Nordeste funciona ainda um projecto pioneiro em todo o país, de rastreio de violência entre mulheres grávidas.

O projecto funciona já há cerca de um ano e em Julho foi mesmo apontado como um exemplo nacional pela própria Secretária de Estado da Igualdade.

O objectivo será alargá-lo a todo o país num futuro próximo.

Escrito por Brigantia