Administradora do CHNE utiliza viatura oficial para ir a concerto no Algarve

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Qui, 14/10/2010 - 09:25


A Inspecção-geral de Saúde recebeu uma denúncia contra a alegada utilização indevida de um carro do Centro Hospitalar do Nordeste por parte de uma das administradoras. Em causa estará uma viagem ao Algarve em período de férias.  

A denúncia a que tivemos acesso é feita por Carlos Costa, líder da concelhia de Vinhais do PSD.

Segundo relatou à Inspecção-geral das Actividades em Saúde, Cláudia Miranda terá ido ao Algarve, a 24 de Julho, numa viagem de carácter particular, para assistir a um concerto.

Para tal, terá usado a viatura que lhe foi atribuída pelo Centro Hospitalar do Nordeste.

 

Confrontado com esta questão, Henrique Capelas, presidente do Conselho de Administração, mostrou desconhecer a viagem referida e desvalorizou a questão.

“Não andamos aqui nem tenho de andar a fiscalizar se estamos a falar de Algarve ou Alentejo. O que lhe posso dizer é o seguinte: o CA tem viaturas de uso pessoal. Todos estão a utilizar as viaturas dentro dos limites legalmente estabelecidos.”

 

Segundo Henrique Capelas, o uso pessoal de viatura faz parte do pacote de remuneração dos sete membros do Conselho de Administração.

No seu caso particular, por exemplo, que tem residência em Vila Real e todos os dias se desloca para Bragança, onde exerce funções, essas deslocações estão autorizadas.

A mesma denúncia aponta ainda viagens quase semanais entre Bragança e Aveiro, onde reside o marido de Claudia Miranda, ainda com a viatura do CHNE.

 

O presidente do Conselho de Administração considera que o uso pessoal da viatura é inteiramente legal.

“Os membros do CA não recebem, por exemplo, qualquer verba de horas extra. É sempre difícil estar a separar. Por isso há uma viatura, que é de serviço, de utilização pessoal. Mas estamos a cumprir a lei, isso que fique claro”.

 

Mesmo assim, Henrique Capelas entende a indignação popular que possa existir, sobretudo em tempo de poupança na administração pública.

“Temos limites estabelecidos por quilometragem, que são para ser cumpridos. Nesse âmbito, se foi é evidente que estamos num período em que há determinadas situações, mas não me vou estar a pronunciar sobre isso. Esse tipo de fiscalização será compreensível, não sei mas o que lhe posso dizer é que está dentro dos limites legalmente estabelecidos”.

 

Por mês, e segundo dados divulgados pelo Jornal Nordeste, que cita documentos governamentais, a viatura de Cláudia Miranda custa cerca de 350 euros ao erário público.

 

Em combustível, entre Abril e Dezembro de 2009, a mesma administradora gastou pouco mais de 1100 euros de combustível com a “viatura de serviço”, segundo a designação oficial que surge nos documentos do Governo.

Curiosamente, nos primeiros três meses do ano passado, Cláudia Miranda gastou quase 1115 euros em combustível, mais do que nos outros oito meses do ano.

 

Dias depois da entrevista à Brigantia, e por escrito, Henrique Capelas revelou que a viagem ao Algarve feita por Cláudia Miranda foi feita em serviço, “no âmbito das funções que desempenha”.

Contudo, não especificou nem a data da viagem nem o objectivo.

Recorde-se que o CHNE registou em 2009 um prejuízo superior a dez milhões de euros.

Escrito por Brigantia