Habitantes do Parque de Montesinho unem-se em associação para lutar contra “proibições”

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Seg, 27/09/2010 - 11:43


Nasceu no último sábado a Associação de Naturais e Residentes nas Aldeias do Parque Natural de Montesinho. Os 15 membros fundadores entendem que o parque não funciona e pedem, por isso, para ser ouvidos na sua gestão.

“As principais falhas resumem-se a uma só: o Parque não existe e não funciona”, denuncia Carlos Fernandes, o mentor desta associação, tendo sido eleito presidente pelos restantes membros, que garantem ter o apoio de grande parte das 34 freguesias do Parque Natural de Montesinho, dos dois concelhos que o integram, Bragança e Vinhais.

 

Carlos Fernandes explica que o grande problema se prende com o plano de ordenamento, aprovado pelo Governo em 2008. “Não reconhecemos em mais ninguém para além dos tribunais o poder de condicionar a gestão das nossas propriedades”, sublinha. “O plano de ordenamento é uma enchente de rir do princípio ao fim, com coisas sem pés nem cabeça, como o pastoreio livre. Nunca existiu no Parque, mas o plano proíbe-o. Como se pode proibir uma coisa que nunca existiu? E no corte de lenha. Então agora tenho de pedir autorização ao Estado para cortar lenha para uso doméstico de uma propriedade que é minha? Essa é que era boa…”

 Entre a população que vive no parque, já se ouvem vozes de apoio a este movimento.

“Ainda não faço parte mas vou fazer. Concordo com ela porque há muitas coisas que estão mal, como essas proibições todas que eles põem. Não posso cortar um tractor de lenha sem ir ao Parque”, diz Domingos Carvalho, de Dine.

 

Já Mário Gonçalves, da Mofreita, assegura que “restringe muito”, sobretudo nas questões “das energias renováveis, da exploração da floresta, da caça”. Manuel Roxo concorda e garante que “todos os habitantes se sentem limitados, uns mais, outros menos”.

 

A escritura pública de constituição da associação já foi feita em notário, na semana passada. O próximo passo é reunir com quem de direito.

 

“Não vamos dialogar com os burocratas do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade. Estamos dispostos a dialogar com quem manda. Não temos é tempo a perder com responsáveis que não sabemos onde estão. Estamos abertos ao diálogo e vamos apresentar a associação ao representante do Governo no distrito. Queremos ser ouvidos na gestão do parque e que sejam alteradas ou revogadas algumas das normas em vigor.”

 

Depois de liderar o movimento de utentes da Estrada Nacional 308-3, pela melhoria de condições da via, que já está em obras, e um outro de proprietários de furos e poços, que conseguiu a revogação de uma portaria do Estado, Carlos Fernandes, de 55 anos, reformado da Função Pública e residente em Vilarinho, no coração do Parque Natural de Montesinho, volta à carga.

 

Desde sábado que está formalmente constituída a Associação de Naturais e Residentes nas Aldeias do Parque Natural de Montesinho.

Escrito por Brigantia