Sex, 24/09/2010 - 09:24
Sheila Ramires tem uma filha a frequentar pelo segundo ano lectivo o jardim-de-infância da Praça e é uma das visadas com o aumento da mensalidade.
Não se conformando com este aumento, apenas tem levado a filha à componente pedagógica, pela qual não paga nada, sujeitando-se aos horários nada compatíveis com a sua actividade profissional.
Salienta que em outros jardins-de-infância da cidade, tutelados por outras instituições, as mensalidades cobradas são mais baixas.
“Como é que é possível numa escola pública nós termos de pagar um valor superior do que nas escolas privadas e com menos regalias” questiona esta mãe. “Aqui não há actividades extra como inglês, musica e educação física. É só pelo almoço e pelo prorrogamento de horário” acrescenta.
Outra mãe fala sobre a sua condição de desempregada, alegando que esta situação não foi considerada no cálculo da mensalidade. Diz ter outro filho a frequentar o primeiro ciclo, ao qual foi atribuído o escalão A. Sandra Baia não entende esta dualidade de critérios.
“No ano passado em 20 euros e este ano vou pagar 113. Eu perguntei à câmara quanto é que pagaria caso o menino só almoçasse e pediram-me 98 euros. A irmã dele tem o escalão A na escola primária, dão-lhe subsídio de almoço e os livros” refere.
Os pais apenas foram informados destas alterações no início do mês.
Ana Paula Pereira realça que em outros jardins-de-infância da cidade, já não há vagas.
“Foi incorrecto da parte deles uma vez que podia ter feito um aviso prévio no final do ano lectivo e depois as pessoas decidiam o que queriam fazer” considera, acrescentando que “agora já não há hipótese porque nos estabelecimentos privados já não há vagas”.
Para o presidente da câmara de Mirandela a autarquia deve ajudar quem não pode pagar.
“A prioridade da educação é permitir a todos os que não podem pagar que não paguem ou paguem o mínimo, e aqueles que podem pagar que deixem o sistema livre para os que não podem pagar tenham acesso” explica José Silvano.
E avança com números concretos relativos às mensalidades cobradas aos alunos que frequentam os jardins-de-infância da autarquia.
“Das 250 crianças que frequentam os nossos jardins-de-infância, apenas 85 estão sujeitas ao pagamento desta componente” das quais “34 pagam 24 euros e 13 pagam menos de 100 euros. Ficam apenas 38 crianças que estão incluídas nos tais dois escalões que são discutíveis que pagam 173 e 240 euros” explica o autarca, salientando que “se estas crianças que estão nos escalões máximos pudessem ir para o privado, porque podem pagar, nós podíamos ter os 80 alunos a pagar 24 euros. Isto é que era justiça social”.
O autarca reconhece no entanto que a comunicação aos pais sobre as alterações feitas ao cálculo das mensalidades foi feita demasiado tarde.
Escrito por CIR