Empresas criaram mecanismos para contratar trabalhadores do distrito de Bragança

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Qui, 22/07/2010 - 11:31


  Agora não há desculpas para haver poucos trabalhadores transmontanos nas grandes obras do distrito de Bragança.

O Governo Civil promoveu ontem duas reuniões entre os directores dos quatro centros de emprego do distrito e as concessionárias da barragem do Baixo Sabor e da auto-estrada transmontana para encontrar uma estratégia que permita aos trabalhadores transmontanos aceder aos empregos disponíveis e evitar que as empresas tenham de recorrer a mão-de-obra do litoral, com os gastos de transporte correspondentes.

No final das reuniões, apenas o Governador Jorge Gomes aceitou falar aos jornalistas, para garantir que ainda esta semana serão tomadas medidas.

“Vamos entregar esta semana as disponibilidades que temos nos centros de emprego. Interessava aqui derrubar algumas barreiras burocráticas. O processo de recolha de mão-de-obra não era ágil o suficiente para uma resposta rápida. Através de um sistema, decidimos sermos nós a pôr as ofertas que temos nos construtores e eles, sempre que precisem, pedem o trabalhador ao centro de emprego, Passámos a ser nós a oferecer e não estarmos à espera que venham à procura.”

Apenas cerca de 1200 dos 7500 desempregados do distrito têm perfil para integrar as grandes obras que, no seu ponto máximo, vão criar nove mil postos de trabalho.

 “Desses 7500, 60 por cento são mulheres, o que nos reduz para cerca de 3000 mil. E desses, muitas profissões não se integram nestas actividades. O que pretendemos é que muita gente que está no meio rural se inscreva nos centros de emprego como meio de as empresas também os irem buscar para estas obras.”

Recorde-se que Jorge Gomes tinha já denunciado, aos microfones da Brigantia, que havia dificuldades de recrutamento de trabalhadores da região para as grandes obras.

Agora, deixa críticas também aos trabalhadores transmontanos.

“Continuamos a sentir, infelizmente, e temos o caso do Baixo Sabor, que alguns conterrâneos nossos foram trabalhar e, passados dois dias, abandonam o emprego. Quem fizer isso e está a receber subsídio de desemprego vai ser penalizado. É uma questão de cultura. Transmontanos preguiçosos? Não, é uma questão de cultura nossa. Não gostaremos muito de dormir fora de casa, de dormir em dormitórios, que neste caso são quartos de dois trabalhadores, com ar condicionado e empregada que arruma o quarto.”

E deixa ainda um aviso às instituições públicas. Não pode haver inércia para ajudar as pessoas.

“Temos é de criar para que o trabalhador possa ser chamado. Não pode ser por inércia das instituições que vamos deixar de arranjar os empregos.”

Jorge Gomes diz que são várias as profissões em falta nas obras, para além de vários serviços de baixas qualificações.

Enfermeiros e, sobretudo, arqueólogos, são alguns dos alvos das empresas que operam no distrito de Bragança.

Escrito por Brigantia