População contra encerramento da escola de Salsas

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Ter, 01/06/2010 - 11:00


Já tem quase 2600 assinaturas o abaixo-assinado que há mais de uma semana tem percorrido o concelho de Bragança, contra o encerramento do Agrupamento de Escolas de Izeda.

As negociações entre o conselho municipal da Educação e a Direcção Regional de Educação do Norte prosseguem, mas a ameaça está a deixar pais e professores revoltados.

Em Salsas, uma das freguesias que integra o Agrupamento de Izeda e onde funciona um pólo do primeiro ciclo do ensino básico, a população não aceita a possibilidade de fechar a escola.

“Eu acho que aqui a escola faz falta e está bem centrada”, diz Henriqueta Rodrigues. Mais exaltado, Amadeu Nascimento diz que é “um absurdo”. “Sempre houve escola e gastou-se aí tanto dinheiro para quê? Depois o que vão lá meter, pardais?”, pergunta. Para além disso diz que “há pais que não têm meios para enviar as crianças para Bragança”.

Já Licínio Costa também está contra o encerramento. “Se aqui é cabeça de freguesia, fio aqui a tele-escola e agora levam os miúdos, que têm de sair de madrugada, por essas aldeias. Não tem jeito nenhum”, sublinha.

Nesta freguesia, a escola primária tem 20 alunos já matriculados para o próximo ano lectivo. O problema é que o limite para manter as escolas abertas deverá ser de 21 crianças.

Orlando Afonso é o responsável pela escola e também não concorda com esta política do Ministério da Educação, especialmente no Interior Norte, até porque obriga as crianças a levantarem-se muito mais cedo.

E o rendimento acabaria por ficar afectado.

“Implicaria deslocações mais longas, sobretudo a Izeda, que são mais vinte e tal quilómetros. Já agora têm de percorrer alguma distância. Para além disso, a confusão das escolas maiores. Aqui estão num ambiente mais natural, semelhante à terra deles. São crianças entre os seis anos e os 11, que já assim têm de se levantar muito cedo. E claro que isso interfere com o rendimento.”

Para Filipe Caldas, o presidente da Junta de Freguesia de Salsas, o encerramento pode ser dramático para a aldeia, até porque estão em causa quase uma dezena de postos de trabalho.

“É mais fácil e mais pedagógico manter uma escola aberta onde as crianças estejam perto dos pais, que tem 20 alunos e vai mantê-los e numa aldeia onde há natalidade. Se houvesse um estudo via-se que a escola tem futuro para uns anos. E é dramático, quando estão seis ou sete postos de trabalho em causa.”

Ao que a Brigantia apurou, a proposta do Grupo de Apoio às Escolas da Terra Fria passa por encerrar o Agrupamento de Izeda, concentrando ali as crianças do primeiro ciclo dos três pólos que agora servem aquela zona do concelho de Bragança (Izeda, Salsas e Parada), enquanto os alunos de segundo e terceiro ciclos seriam transferidos para Bragança.

Recorde-se que esta situação já tinha sido denunciada aos microfones da Brigantia pelo vereador independente, Humberto Rocha, após a última Assembleia Municipal.

Já Luís Martins, do Grupo de Apoio às Escolas, escusou-se a fazer mais comentários enquanto não houver uma decisão definitiva por parte do Ministério da Educação.

Escrito por Brigantia