Ter, 16/03/2010 - 11:23
O caso já foi dado a conhecer à comissão de protecção de crianças e jovens do concelho de Mirandela, ao provedor de justiça e a outras instituições ligadas aos direitos da criança.
O caso remonta ao passado dia 19 de Fevereiro. Data em que terá acontecido uma reunião com a presença do presidente do clube, vários directores e alguns pais de atletas das camadas jovens do clube e onde ficou decidido excluir de toda a actividade uma criança de 11 anos, que já vestia as cores do Mirandela há três anos.
Na carta enviada aos pais do jovem atleta, é explicado que esta expulsão ficou a dever-se ao facto do pai ter falado de assuntos que só dizem respeito ao clube e tentado permanentemente iludir alguns pais de factos relacionados com a formação. A mesma carta nega que esta exclusão tenha a ver com o atraso no pagamento das mensalidades, que os pais liquidaram, entretanto, mas sim pelo comportamento do pai do atleta. Fátima Ramos, mãe do atleta em causa, resolveu denunciar publicamente o caso, porque ficou perplexa com esta atitude da direcção do clube de penalizar o filho por um suposto erro do pai.
“Não posso acreditar que se ponham em causa princípios proclamados na declaração dos direitos da criança. Chamo a atenção para comentários do tipo: “unanimemente decidiu-se excluir de toda a actividade o mesmo atleta, pois continua a ser dos nossos. Regressar na próxima época só depende do comportamento do seu pai. Falou de assuntos que só dizem respeito ao clube e permanentemente iludir alguns pais”. Como é possível uma criança de 11 anos ser excluída de um grupo de trabalho sem dó nem piedade pelo suposto comportamento do seu pai?”, pergunta a mãe.
Fátima Ramos considera que o assunto devia ser tratado entre as partes, isto é, entre a direcção e o pai do atleta, nunca envolvendo a criança. Para esta mãe, a direcção do clube tomou uma decisão injusta para com o seu filho, considerando que existe neste caso uma clara discriminação.
“Parece-me claro ter existido coação moral, psicológica e discriminação sobre a criança, que tem apenas 11 anos”, diz. “Segundo o próprio Vítor Noronha nada fez para ser excluída”, garante, avisando que a direcção deve ser responsabilizada por eventuais danos psicológicos ou morais que a criança venha a sofrer.
Fátima Ramos lança ainda um apelo às entidades competentes para que este assunto, já denunciado a várias entidades ligadas à defesa dos direitos da criança, não fique esquecido e não se torne o primeiro de muitos
“Não deixem que seja tarde, não venham dizer que ninguém viu, ninguém presenciou”, diz.
Fátima Ramos também já deu a conhecer o caso à câmara municipal, entidade que concede subsídios públicos ao clube e já solicitou apoio psicológico para o seu filho, à comissão de protecção de crianças e jovens.
Sobre este caso, a direcção do Sport Clube Mirandela não presta declarações gravadas, mas emitiu um comunicado, alegando que não quer ver a imagem do clube enxovalhada na praça pública, nem contribuir para uma troca de argumentos ou insultos em público que não traduzem a realidade dos factos e “apenas servem interesses individuais pouco claros”, segundo avança o comunicado.
No entanto, na nota assinada pelo presidente do clube, começa por se referir que nada opõe o Mirandela ao jovem em questão, tendo este primado por uma exemplar conduta individual durante o tempo que frequentou as escolas de formação.
Mas a direcção do clube revela que a formação tem regras que abarcam os jovens e os pais, sendo que o desrespeito por estas regras afecta ambos de igual forma e é motivo justificado para a suspensão ou expulsão do grupo de formação, diz o comunicado.
A direcção do clube diz estar de consciência tranquila, pois após uma análise ponderada, considerou que a decisão de excluir o jovem do grupo de trabalho seria uma forma de o proteger e de proteger o grupo de atitudes e posturas não recomendáveis de pessoas externas ao grupo, conclui a nota do Sport Clube Mirandela.
Escrito por CIR