Sex, 05/02/2010 - 10:50
“Trata-se sobretudo de museus que têm uma mais baixa afluência e uma lógica de conteúdos muito local. O meu receio é que esta transferência seja feita sem uma devida negociação, num clima de obscuridade, e sem ficar acautelado o envelope financeiro que deve acompanhar esta transferência. E, por último, que os 17 funcionários dos dois museus sejam maltratados.”
O parlamentar teme que a passagem para as mãos das câmaras municipais possa significar o encerramento de alguns dos museus.
“Tenho os maiores receios que, não havendo transparência no processo, informação abundante e clareza nos cálculos, se estejam a criar mais problemas às câmaras e a tornar moribundo o funcionamento destas casas que são tão importante spara conservar a nossa memória colectiva.”
Ora, Adão Silva considera que nem o facto de o Museu Terras de Miranda ter já inscrito no PIDDAC uma verba para a sua recuperação impedirá esta transferência de tutela.
“Os investimentos são muito benvindos, sobretudo no museu Terras de Miranda, porque as instalações são muito precárias. Mas as informações que tenho é que isso não inibe essa transferência.”
Recorde-se que também o museu Abade de Baçal sofreu um investimento de um milhão de euros em 2006 na recuperação do edifício e dos jardins.
Ora, o número de visitantes desde essa altura não cresceu. Pelo contrário. Em três anos passou de nove mil visitas anuais para as 6200 registadas em 2009.
Já o Museu Terras de Miranda teve, no ano passado, quase 25 mil visitantes.
Um número que ficará aquém dos objectivos do ministério da cultura. Segundo Adão Silva, esse facto, aliado ao tipo de exposições, vão provocar a transferência.
“Mas é, apesar de tudo, um número que o ministério da cultura continua a considerar baixo. Não há um limiar pré-definido, mas o que mais determina essa transferência é a lógica da colecção ser mais ou menos localista.”
A Brigantia tentou já o contacto com o director nacional do Instituto dos Museus e da Conservação. Mas João Brigola esteve indisponível.
Também os autarcas de Bragança e Miranda do Douro, Jorge Nunes e Artur Nunes, recusaram comentar, para já, esta possibilidade.
No entanto, a Brigantia sabe que ainda não estão definidos os moldes da transferência de tutela de alguns museus que, em vez de passarem a ser geridos pelas autarquias, poderão passar para a esfera da Direcção Regional de Cultura do Norte.
A ministra da cultura tem agora 60 dias para responder a Adão Silva.
Escrito por Brigantia