Caça e olival são os principais afectados pelo maior incêndio dos últimos anos

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Ter, 25/08/2009 - 08:23


Desolação foi tudo quanto o maior incêndio deste ano no distrito de Bragança deixou para trás. Nas aldeias de Paradinha Nova e, especialmente, em Paradinha Velha, o negro tomou conta da paisagem, quatro anos depois do último grande fogo que já tinha devastado aquelas paragens.  

Durante mais de 24 horas as chamas devoraram mato, vinha e olival, deixando em sobressalto a população.

Guilhermino Aires, um dos poucos moradores de Paradinha Velha, foi uma das primeiras testemunhas deste incêndio.

“Praticamente vi-o começar. Vi uma linhazinha muito fina de fumo. Depois começou a alastrar”, conta, admitindo que lhe arderam “bastantes oliveiras, um bocado de uma vinha, umas figueiras e uma horta”. “Vou ter bastantes prejuízos, Tinha aqui 80 oliveiras que devem estar completamente destruídas”, conta, apoiado no sacho que o ajudou a combater as chamas. Os esforços da população foram mesmo “a salvação da aldeia”, nomeadamente “os tractoristas” que se meteram ao fogo a lavrar algumas zonas.

Por sua vez, Jorge Tiago, de Coelhoso, uma aldeia ali perto, não esconde a desolação ao recordar tudo o que foi consumido pelas chamas.

Diz que a caça vai ser uma das actividades mais atingidas.

“Ardeu uma parte em Izeda, Calvelhe, Paradinha Velha e floresta em Paradinha Nova. Mas destruiu muita caça, que nesta zona havia muitos javalis, veados, cabras, raposas…”, aponta. Também a Jorge Tiago arderam “algumas oliveiras”. “A a duas corriças valemos-lhes por pouco. As labaredas eram tantas, que andavam quase por cima dos telhados.”

Na memória ainda está o incêndio que há quatro anos tinha pregado o primeiro susto.

“Há quatro anos ardeu da estrada para cima. Começou para cima de Pinela, Parada, Calvelhe, Coelhoso, Paradinha Nova, Paradinha Velha e Quinta de Montezinho”, recorda. Desta vez “não arderam casas”, e apenas estiveram em perigo “as duas corriças”. “Mas as pessoas estiveram toda a noite a trabalhar, a ajudar os bombeiros”, refere. O problema maior foi “a falta de água”. “Chegámos à Paradinha para encher o carro dos bombeiros mas a bomba não trabalhou… é um castigo”, desabafa.

Aproveitando a deixa, alguns habitantes de Paradinha Velha criticaram aquilo que chamaram de falta de coordenação entre os bombeiros.

Críticas que o comandante distrital da Protecção Civil entende como sendo fruto do desespero de ver os seus bens em risco.

“As pessoas são livres de ter as suas opiniões. Mas quem está a coordenar tem uma visão global diferente das que estão a assistir a uma situação em particular. Aquela oliveira é a sua oliveira, cada pontinho é o seu pontinho e gostavam de ter um carro de bombeiros em cada pontinho seu. Mas temos de ver a situação global”, defende.

Cerca de mil hectares queimados fazem deste o maior incêndio do ano no distrito de Bragança.

Escrito por Brigantia