Fábrica encerrada no Cachão continua a poluir

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Qui, 02/04/2009 - 12:11


A fábrica de extracção de óleos do Cachão, encerrada em Maio do ano passado, pelas autoridades, por falta de condições, continua a laborar. Isso mesmo foi confirmado por vários populares ao deputado comunista da Assembleia da República, Agostinho Lopes, que ontem esteve naquela localidade do concelho de Mirandela.    

Segundo o autarca José Silvano, a fábrica continua sem licenciamento para laborar e até já foi notificada a pagar uma coima, mas o caso está agora em tribunal.

“Está a laborar mas sem licenciamento” refere o autarca. Depois de em Maio ter sido decretado o seu encerramento “até agora não entrou nenhum pedido de legalização do funcionamento” acrescenta José Silvano. No entanto “com os rumores que se iam ouvindo, a câmara notificou os proprietários no sentido de a fábrica não poder laborar mas eles contestaram dizendo que não estavam a funcionar”. Ainda assim, a autarquia enviou o processo para tribunal.

 

Ontem mesmo, Agostinho Lopes, deputado comunista na Assembleia da República, confirmou que a unidade industrial continua a causar enorme preocupação na população e promete voltar a questionar o Governo sobre esta questão.

Agostinho Lopes constatou que a população local continua confrontada com a poluição, nomeadamente fumos e cinzas lançados pelas chaminés da fábrica de extracção de óleo de bagaço de azeitona, instalada no antigo complexo agro-industrial do Cachão, apesar de admitirem que a situação já não é tão grave após algumas obras efectuadas pela empresa.

“Ás cinco ou seis da manhã é um cheiro insuportável e com as alterações que fizeram continua a mesma coisa” afirma um habitante. “Durante o verão teve fechado para obras e construíram uma chaminé nova mas o problema continua porque as chaminés antigas ainda estão a funcionar” explica outro morador da aldeia.

 

Recorde-se que o deputado comunista apresentou vários requerimentos na Assembleia da República onde dava a conhecer a situação. Em Maio de 2008, o Ministério do Ambiente respondeu que a unidade industrial em causa não estava licenciada e que na análise técnica dos impactes potenciais gerados por este tipo de fábricas, podem ser identificados como passíveis de serem emitidos poluentes neurotóxicos e com grande potencial cancerígeno. Quase um ano depois, o deputado Agostinho Lopes considera grave que a situação não tenha sido analisada pelo Ministério da Saúde.

 

“Eu tenho uma resposta do ministério do ambiente a dizer que estas substâncias são toxinas e cancerígenas e que a fábrica nem sequer estava licenciada” recorda o deputado. “Mas passados muitos meses recebo uma resposta do ministério da saúde a dizer que o delegado de saúde não via perigo para a população, o que é contraditório” considera.

Perante a resposta do ministério do ambiente, Agostinho Lopes entende que a sub-região de saúde de Bragança devia ter feito “uma despistagem junto da população para verificar se havia ou não consequências”.

 

Perante isto, o deputado comunista promete agora levar novamente a situação à Assembleia da República e reclamar dos ministérios do Ambiente e da Saúde medidas para travar a poluição e as eventuais consequências para os habitantes da aldeia

Até ao momento não foi possível obter qualquer reacção por parte da empresa que é responsável por esta fábrica de extracção de óleos do Cachão.

Escrito por CIR