Sex, 19/12/2008 - 09:52
Carlos Diz, é um dos reclusos inseridos neste regime, e a sua opinião é unânime a todos os que têm um trabalho fora do estabelecimento prisional. “Eu saio de manhã para trabalhar e regresso à noite e o dia passa-se melhor porque o contacto com outras pessoas é gratificante”, conta o recluso.
Para ingressar no RAVE é preciso cumprir ¼ da pena, e passar primeiro pelo Regime Aberto Voltado para o Interior, isto é, trabalho dentro da própria cadeia ou fora mas com vigilância.
É neste sistema que está integrada a designada “Brigada Florestal”.
Uma equipa geralmente constituída por 10 elementos, embora no Inverno sejam menos, que se dedica a fazer limpezas na floresta ao abrigo de um protocolo celebrado entre a câmara de Bragança e as Direcções-gerais dos Serviços Prisionais e dos Recursos Florestais.
O vice-presidente da câmara de Bragança, Rui Caseiro, não tem dúvidas de que se não fosse esta mão-de-obra reclusa são seria possível fazer este trabalho. O político explica que este ano foi aberto um concurso para recrutar 6 pessoas para trabalho sazonal e só houve 2 candidatos. “Se não tivéssemos reclusos teríamos muita dificuldade em termos de recursos humanos porque o mercado normal não responde às nossas necessidades”, garante.
Tomé Garcia é um dos que integra essa brigada e já tem perspectivas de conseguir um emprego noutra área. “Tenho um patrão à espera para trabalhar nos mármores, só estou á espera da autorização do RAVE”, explica.
O sucesso da reintegração social verifica-se quando os reclusos acabam por ser contratados pelas empresas ao terminar a pena.
Eurico Afonso, proprietário de uma serralharia na cidade de Bragança não hesitou em recrutar um deles. “Há vários anos que temos um a trabalhar connosco, primeiro quando era recluso e agora depois de ter saído em liberdade”, refere acrescentando que o principal é fazer-se uma boa integração nas equipas de trabalho.
Enquanto trabalham, os reclusos recebem o ordenado mínimo, o que para Carlos Ferreira, um dos reclusos a trabalhar na construção, já dá para o sustento diário. “Ajuda-nos porque só temos o apoio dos nosso familiares mais directos e sempre dá para nos sustentarmos”, diz o recluso.
O director dos Estabelecimentos Prisionais do distrito salienta que o de Bragança tem mais potencialidades para promover a inserção social através do trabalho do que o de Izeda. “Em Bragança a oferta é muito maior e em Izeda, acabando a apanha da
azeitona o trabalho para reclusos acaba”, refere.
Por isso, Mário Torrão entende que o futuro da cadeia de Bragança pode passar pelos regimes abertos.
Escrito por Brigantia