Hospital de Bragança acusado de negligência pós-parto

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Ter, 02/12/2008 - 10:20


Uma alegada negligência pós-parto atirou uma jovem mãe, de Vila Flor, para a unidade de cuidados intensivos do Hospital de santo António, no Porto, local onde ainda permanece. Filipa Madeira, de 26 anos, foi mãe a 14 de Maio deste ano, mas não vai poder repetir a experiência da maternidade. A jovem teve de remover o útero, na sequência de uma infecção que terá começado na cicatriz da cesariana que realizou no Hospital de Bragança. Enfermeiros e médicos terão desvalorizado os sintomas de Filipa Madeira.

A Inspecção-geral das actividades de saúde já recebeu a queixa para apurar responsabilidades.

Filipa Madeira e o marido estavam longe de pensar que o sonho de terem um filho, iria significar o início de um pesadelo.

O bebé nasceu a 14 de Maio e três dias depois Filipa Madeira teve alta.

Já no hospital de Bragança a jovem mãe acusava febre. O marido, Vítor Pereira, conta que “o Dr.Strech Monteiro arrancou-lhe o penso da cicatriz e disse que aquilo era para curar em casa e que o hospital não era nenhum hotel”. Depois de ter alta, a jovem teve de ir ao hospital de Vila Flor por causa de febres “que já tinha sentido no hospital e não lhe ligaram”, refere o marido.

 

Em Vila Flor receitaram-lhe antibióticos que não fizeram efeito e Filipa Madeira voltou ao Hospital de Bragança. “Puseram-na num quarto, tiraram-lhe os agrafos e disseram que a cicatriz tinha de curar ao ar”, diz o marido. Filipa permaneceu assim durante 3 dias, “só depois de ela não aguentar mais as dores é que resolveram operá-la”. Nesta intervenção foi-lhe removido o útero por causa da infecção.

 

Depois da operação no hospital de Bragança, Filipa Madeira foi encaminhada para o Porto, onde foi novamente operada. “No Porto trataram-na bem, mas ela começou a fazer rejeição a uma prótese que teve de para ajudar a segurar os intestinos e apanhou outra bactéria que voltou a infeccionar tudo”, explica o marido.

  

Vítor Pereira quer agora que as responsabilidades sejam apuradas e apresentou em Junho queixa contra o hospital de Bragança.  “Qualquer ser humano falha, mas o que não consigo compreender é como é que lhe deram alta com febre e porque é que, quando voltou pela segunda vez ao hospital nem sequer um exame lhe fizeram”, conta revoltado.

 

Filipa Madeira continua internada e sem poder acompanhar o crescimento do próprio filho.

 

Sampaio da Veiga, do Hospital de Bragança, escusou-se a prestar declarações sobre o caso alegando que este já se encontra numa instância superior, ou seja, na Inspecção-geral das Actividades de saúde.