Sex, 10/10/2008 - 10:24
A equipa responsável pela candidatura diz-se desmotivada e Alexandre Perafita, que faz parte do grupo de investigadores que formulou o projecto de candidatura, acusa o Ministério da Cultura de desconhecer os bens imateriais do país.
“Na minha opinião, em Lisboa não há pessoas que saibam interpretar o que é património imaterial”, alega o investigador. Alexandre Perafita refere que o Ministério da Cultura “não percebe que os Caretos de Podence representam algo de muito profundo e identitário e que aproxima uma comunidade regional, neste caso Trás os montes e a Galiza” e aponta o dedo às pessoas “com tão pouca cultura que tomam atitudes e dão pareceres no ministério”.
O projecto de candidatura resulta de um trabalho de mais de dez anos entre os dois lados da fronteira. A realizar-se seria a primeira proposta formulada por dois países da União Europeia em conjunto.
No entanto, Alexandre Perafita acredita que se a candidatura ficar pelo caminho será por “ignorância do Ministério da Cultura e as pessoas que o apoiam nestes domínios, pois desconhecem o que é a realidade cultural de trás-os-Montes, Minho e Galiza”.
O investigador vai mais longe e afirma que, mais do que falta de vontade política, o Governo tem falta de conhecimento e de inteligência. “Se esta cultura não representa nada de substancial para quem manda na cultura em Portugal, eu penso que este é um diálogo de surdos”, justifica.
Os promotores da candidatura a Património da Humanidade das tradições orais galaico-portuguesas vão reunir-se amanhã em Valença para decidir o futuro do projecto.