Seg, 14/01/2019 - 10:36
"10 euros… Quem dá mais?"
Como manda a tradição, a aldeia de Outeiro, no concelho de Bragança acolheu este sábado a festa de São Gonçalo. Reza a história que, em tempos idos, a população fez uma promessa ao santo para a livrar de uma peste. E livrou. Desde aí, que se festeja, construindo o charolo, um andor feito com roscas que depois se leiloam. Uma tradição antiga e de continuidade da festa de Santo Estevão, como conta César Garrido, o presidente da junta de freguesia de Outeiro.
“Seguidamente vem esta festa. É um ritual interessante, porque não é só fazer as roscas, é montar o charolo e leiloar. Depois é a despedida dos mordomos velhos para entregar a festa aos novos, sempre acompanhados pela música de gaita-de-foles”, esclareceu o presidente da Junta de Outeiro.
As festividades não ficaram por aqui, duraram pela noite dentro, a dançar pandorcada: “depois durante a noite, faz-se o que designa por pandorcada, que é passagem de todos, pelo povo, sempre acompanhados pela música tradicional. Quem entender coloca comida à porta, por exemplo, uma rosca e depois dança-se a “dança da rosca”, que essa não se consegue descrever, só vendo mesmo, que é outro dos rituais interessantes”.
Para os habitantes a tradição continua, numa celebração tão antiga que a consideram como a melhor romaria do nordeste transmontano.
“Sempre ouvi dizer aos meus antepassados que esta era a melhor romaria que havia no nordeste transmontano”, contou Francisco Pires.
“O dinheiro angariado é para o São Gonçalo, que é o Santo que tem mais dinheiro aqui em Outeiro. O charolo angaria 500 euros”, disse Francisco Cavaleiro.
“Eu fui ajudar a fazer as roscas e nem sou mordorna, mas foi com muito gosto, que ajudei os amigos. É uma tradição muito importante para a aldeia”, afirmou Zulmira Rodrigues, quando estava a comprar as roscas a serem leiloadas.
A Festa do São Gonçalo, com as tradicionais roscas, o pão doce, gaita-de-foles, a pandorcada e a dança da rosca.
Uma tradição que em Outeiro para já não morre.
Escrito por Brigantia