Ter, 21/05/2024 - 19:30
Começou na segunda-feira, com a presença do Presidente da República de Cabo Verde. Estão a decorrer apresentações de obras de escritores da lusofonia, música, dança, gastronomia e até troca de conhecimento técnico-científico.
Segundo Romana Brandão, presidente da Associação de Estudantes Africanos do IPB, organizadora do evento, o objectivo é acabar com alguns estigmas que existam em relação à comunidade africana. “Queremos que as pessoas de Bragança conheçam mais a realidade e a cultura e o povo com o qual vive a cidade. Esta cidade acolheu-nos muito bem, o IPB tem sido uma referência. Promovemos esta Semana Africana com a cultura, com parte literária, com diversas actividades que visam dar um parecer mais amplo do que realmente consiste África para quebrar o estereótipo”, frisou.
Esta terça-feira, três escritores puderam partilhar as suas obras com os estudantes. Um deles foi Israel Campos, autor do livro “E o Céu Mudou de Cor”, e também jornalista. O jovem angolano realçou que o português não é estanque e que é preciso deixar de reprimir a forma como falam os provenientes dos outros países de língua portuguesa. “Persiste em Portugal uma ideia e o referencial de como se deve falar a língua portuguesa, e que todos os falantes da língua, independentemente da sua proveniência devem tratar o português da mesma forma. Se a pessoa não fala da mesma forma o português de Portugal, depreende-se que a pessoa fala mal. A sociedade precisa de fazer essa reflexão de como essa diversidade é um ponto muito forte que deve enriquecer as ligações entre os povos dos diversos países, em vez de nos afastarem”, defendeu.
No entanto, há cada vez menos jovens a ler. Uma problemática para a qual alertou o engenheiro e escritor guineense Abdulai Sila, que desde os 14 anos se dedica à literatura. “Lê-se cada vez menos e não é só aqui. Uma das nossas batalhas no meu país é a criação do clube de leitura, incentivar ao hábito de leitura, impulsioná-lo, porque um cidadão que lê, que é culto, é um cidadão que tem uma atitude diferente”, destacou.
Inserir a literatura africana na escola poderia ser uma forma de aproximar os povos e mostrar a riqueza da língua, defendeu o escritor mirandês e professor de Português em Bragança, José Fernando de Castro Branco. “Assim como temos a unidade de autores de poetas contemporâneos, porque não ter uma unidade de poetas dos países da lusofonia, no décimo primeiro e décimo segundo anos. Seria fundamental para quebrar essas barreiras. Para os nossos alunos verem a riqueza do português”, disse.
Além de iniciativas no politécnico de Bragança, os estudantes visitaram ainda o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, o Museu Abade Baçal e o centro histórico da cidade. A Semana D’África termina na sexta-feira.
Escrito por Brigantia