Região transmontana ainda mantém condições de preservação de habitats do lobo ibérico

PUB.

Qua, 16/11/2016 - 10:15


Trás-os-Montes é, no contexto nacional, um território que ainda mantém condições de preservação de habitats para espécies que em muitas regiões já desapareceram. Uma das espécies emblemáticas é o lobo ibérico que, no país, poderá contar com cerca de quatro centenas de animais, 90 por cento estão a norte do rio douro. Os dados foram fornecidos pelo departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Norte.

O último censo nacional da espécie é de 2002/2003. A partir desses dados os serviços avançam uma estimativa populacional de cerca “200 a 400 animais”. No distrito de Bragança, os serviços consideram confirmada a presença de lobos a integrar 20 alcateias, admitindo a probabilidade de existirem ainda outras cinco alcateias, o que poderá representar a existência, neste território, de cerca de 120 lobos.
Um efeito da presença de lobos são os ataques, esporádicos ou mais intensos, a rebanhos.
Segundo os dados fornecidos pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, entre 2013 e 2016, os ataques têm vindo a decrescer, com perspectiva de, no fim do ano corrente, se situarem abaixo da centena, quando em 2013 terão atingido os 197.
O decréscimo parece ser consistente, com a evolução nos anos anteriores, quando em 2013 foram registados 197 ataques e em 2014 - 114.
A presença da espécie é sobretudo observada nas duas áreas protegidas do distrito de Bragança, os Parques Naturais de Montesinho e do Douro Internacional. São notórias as diferenças, considerando que os ataques comunicados chegam a ser sete e oito vezes mais no Douro Internacional do que no território afecto ao Parque Natural de Montesinho, ao longo dos quatro anos analisados. 
Os dados fornecidos reflectem também um decréscimo de produtores afectados, que foram 60 em 2013 e somente 34 em 2015. Também em consonância com a redução de ataques e prejuízos, as indemnizações caíram de cerca de 25 mil euros em 2013 para cerca de 14 mil euros em 2015.

Não foi possível clarificar se estes números correspondem a um maior controle das alcateias, a mais cuidados e medidas de prevenção por parte dos proprietários de rebanhos, ou é simplesmente resultante da diminuição de rebanhos no território do distrito de Bragança.
Os dados a que foi possível ter acesso também não permitem retirar informações relativamente ao que se passa com eventuais populações de lobos fora das áreas dos parques naturais no distrito de Bragança.
 

Jornalista: 
Sara Geraldes