Presidente do Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros sob denúncias de falta de transparência e apropriação de fundos em benefício próprio

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Ter, 28/10/2025 - 09:00


A assembleia-geral ordinária de sócios está marcada para o dia 7 de novembro, às 21h00, com o objetivo de avaliar a situação financeira e administrativa do clube

Um sócio e um elemento dos órgãos sociais da direção do Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros acusam o presidente, Diogo Costa, de falta de transparência, ocultação de dívidas, adulteração de relatórios de contas, gestão danosa e apropriação indevida de dinheiro do clube em benefício próprio. Entre as acusações, está também a realização de negócios diretos com familiares.
O sócio Rui Pacheco, que além de associado é também treinador de guarda-redes e team manager do clube, manifesta profunda indignação com a situação financeira e denuncia que, desde a tomada de posse da atual direção, eleita a 30 de maio e empossada a 22 de julho, a gestão tem sido feita de forma danosa, colocando em causa o futuro do clube, que poderá enfrentar uma situação de falência técnica. Afirma que a gestão é conduzida de forma ditatorial, sem qualquer justificação para os gastos. “Desde a tomada de posse desta direção, presidida por Diogo Costa, foram logo, desde o início, pedidos os extratos bancários. Foram-nos fornecidos de uma forma assim muito aleatória, de abril de 2024 até setembro de 2025. Após consultarmos os extratos, verificamos que havia ali muita falta de transparência. E essa falta de transparência levou-nos a que alguns elementos da direção tomassem determinadas medidas”.

Já Pedro Mila, secretário da direção, conta que, devido ao clima de desconfiança já instalado, foram verificados extratos bancários que revelam transferências para a conta pessoal do presidente do clube, e que existe um buraco financeiro superior a 20 mil euros. “Começámos a analisar os extratos e vimos transferências de um valor de mais de oito mil euros, da parte do clube para com ele, o presidente, e da parte do clube para com familiares diretos dele. Vimos, principalmente, a falta de entrada de dinheiro no clube, dinheiro de caixa, digamos, que nunca entrou no clube. E aliás, em todos os relatórios de contas, mesmo os que já nos foram apresentados depois de o confrontarmos, esse dinheiro, pelos vistos, não existiu. Estamos a falar de uma quantia superior a 20 mil euros”.

Segundo os denunciantes, na última apresentação do relatório de contas foi apresentado um saldo de 12 mil euros, quando na realidade a conta tinha apenas 4 mil euros.

As acusações vão mais longe: os dois elementos denunciam ainda a direção do clube por alegado auxílio à imigração ilegal, através do recrutamento de atletas estrangeiros — seis brasileiros e dois nigerianos — que, segundo os testemunhos recolhidos, chegam a Macedo de Cavaleiros com contratos-promessa e efetuam pagamentos diretos ao presidente, ficando este responsável por garantir alojamento e alimentação. “Há muitos indícios de crimes praticados. Elementos ligados a esta direção, elementos ligados à antiga direção e contratados pela antiga direção, estão sob investigação do crime de auxílio à imigração ilegal. É nosso dever denunciar isso”, disse Rui Pacheco.

Além destas acusações, é também questionada a gestão das contas do bar das Piscinas Municipais, referentes ao ano anterior.
Todos estes factos foram já denunciados ao Ministério Público, através de uma queixa-crime, estando a Polícia Judiciária a investigar o caso. Segundo os denunciantes, há cerca de três semanas a PJ esteve nas instalações do clube. Referem ainda que dois elementos dos corpos sociais já apresentaram a demissão.
Contactado, o presidente do clube, Diogo Costa, mostrou-se manifestamente surpreendido com as questões levantadas, afirmando veementemente que desconhecia qualquer situação e que estava, naquele momento, a tomar conhecimento das acusações. “Eu não fui notificado, portanto, conhecimento não tenho. Como deve calcular, o Ministério Público, se há acusação, vai-me notificar. Eu tenho de saber quais são os autos, quais é que são as acusações, e só a partir daí é que eu posso analisar e defender-me caso haja necessidade de defesa. Porque isto é tudo muito vago e, como deve calcular, não vou estar a defender-me de uma situação abstrata. A minha consciência está tranquila”.

Na passada sexta-feira, contactado, o presidente da Assembleia-Geral, Rui Figueiredo, confirmou ter recebido queixas internas indicando “que algo não estava bem” no seio do clube. Confirmou ainda a demissão de dois membros dos órgãos sociais e a necessidade de convocar uma assembleia-geral de sócios. “Sim, é verdade que nos chegaram informações, portanto, a mim, Presidente da Assembleia Geral, de que algo não está correto, neste momento, na gestão da direção do clube. Estamos a avaliar”.

A assembleia-geral ordinária de sócios está marcada para o dia 7 de novembro, às 21h00, com o objetivo de avaliar a situação financeira e administrativa do clube.
De acordo com os estatutos, todos os documentos financeiros devem ser assinados por três membros da direção, e o presidente é obrigado a facultar ao conselho fiscal o exame das contas relativas à atividade do clube.

Escrito por Onda Livre (CIR)