Sex, 12/04/2024 - 09:15
Duarte Martins dá aulas de mirandês há mais de 20 anos. É um dos dois professores que leccionam a língua e que só se aprende em Miranda do Douro. Defende que a disciplina deveria ser curricular mas mais do que a obrigação de a estudar é preciso a vontade de aprender. “É uma maneira de valorizarmos a disciplina, torná-la curricular. Em certos anos de escolaridade o facto de a disciplina ser opcional, não conta para a média, os alunos não se inscrevem, principalmente ao nível do secundário. É óbvio que se a disciplina fosse curricular era encarada de outra maneira”, vincou.
Declarações do professor, ontem, à margem do terceiro encontro de línguas minoritárias, promovido pela União Europeia.
Jema Zamora, que pertence a este projecto, esclareceu que há casos de línguas minoritárias que integram o plano curricular dos alunos mas que é preciso perceber se faz sentido isso acontecer com todas elas. “Se assumimos que a língua vai estar na escola, então as pessoas pensam que já não têm que a falar em casa. Então temos que ter essa discussão para que a língua possa existir na escola e em casa”, disse.
Alfredo Cameirão, presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa, assume que é urgente que se crie o Instituto da Língua e Cultura Mirandesa e que Portugal ratifique a Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias. “Houve a primeira reunião preparatória para a criação do instituto, mas se me perguntar se já existe, ainda não existe. Queremos concretizar para que não se fique tudo nos preparos”, acrescentou.
O encontro aconteceu, ontem, na Escola Básica e Secundária de Miranda do Douro. O projecto, que envolve Portugal, Estónia, Letónia, Países Baixos e Noruega, tem como objectivo reunir gente que trabalha com as línguas minoritárias, como investigadores e professores, para partilhar experiências e perceber que caminhos tomar para preservar as línguas.
Escrito por Brigantia