Qua, 06/01/2010 - 10:15
“Não, não, aqui já não se canta nada. Já só estão uns velhotes por aqui”, diz Marcolino Jesus, que ainda recorda os tempos de juventude. “Quando era novo ia a mocidade toda, novos e velhos. Mas agora não. Íamos pelas casas e davam chouriças. Agora ninguém vai cantar por causa das chouriças”, lamenta.
Pelo mesmo diapasão afina Elza Pereira. “Quem cantava eram os novos mas agora não há ninguém. Mas cantava-se muito. Do dia de Ano Novo ao dia de Reis, era todas as noites”, garante, recordando que “na altura davam ovos, chouriças, rebuçados, alheiras... Temos pena mas a tradição perde-se”, diz.
Já Amândio Vieira recorda a altura em que “os mais velhos andavam de porta em porta com um violão, porque antigamente toda a gente sabia tocar um instrumento”.
Entre os mais novos também se vai deixando cair o hábito.
“Não, não, não gosto de cantar”, diz Tiago Fernandes. A mesma razão dá Alexandra Pires, que considera que é uma tradição “que se vai perdendo”, e que é “mais para os pequeninos”.
Também Nélson Correia já não costuma “sair a cantar”. “São outros tempos, as coisas mudaram, já não é a mesma coisa que era antes. Quando saía tinha dez anos só que depois deixei. Os meus amigos também já não quiseram sair para cantar as janeiras. Agora é outro ambiente, já não se sai à noite para andar de bairro em bairro, é outro estilo de vida”, garante.
Mas, um pouco por toda a região, ainda há resistentes.
Em Vale Salgueiro, uma aldeia de Mirandela, realiza-se a festa dos Reis. Hoje, na habital missa, vai ser consagrado o novo rei.
Em Vila Flor decorre o jantar dos Reis no próximo domingo, dia em que Vinhais acolhe o XI encontro de tocadores dos reis.
Escrito por Brigantia