Pequena dimensão das empresas da região dificulta elaboração de candidaturas a pedidos de apoio

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Qua, 26/03/2025 - 08:23


O tecido empresarial no distrito é constituído 99% por microempresas até 10 trabalhadores. Os dados são do NERBA – Associação Empresarial do Distrito de Bragança, que avança ainda que a média de pessoal ao serviço nas empresas é de 1,5 pessoas, quando na região Norte é de 3,1

A pequena dimensão das empresas está na origem da dificuldade em aceder a apoios, porque não têm equipas qualificadas para o fazer.

Segundo esclareceu a presidente do NERBA, Ana Carvalho, “o autofinanciamento e o recurso à banca são as principais fontes de financiamento das empresas familiares”. Na região existem ainda “muitas empresas com pouca inovação e com quadros pouco qualificados” e cultura “pouco sensível” para o conhecimento técnico e científico.

A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes quer que os empresários invistam na inovação e conhecimento. Pedro Lima considera que as empresas precisam de fazer “uma atualização”, e devem deixar de olhar para a tecnologia como sendo cara, pois permite rentabilizar o negócio. “Quando introduzimos inovação e tecnologia, por exemplo, na pecuária, que seria importantíssimo, por meio de sistemas tecnologicamente inovadores, conseguir controlar o que normalmente tende a ser um número muito maior de efetivo e ter uma rentabilidade muito superior e uma qualidade de vida também muito superior e dignidade, não podemos dizer que a tecnologia é cara demais. Temos é de conseguir que, através dos nossos centros de conhecimento, nem que sejam as universidades diretamente beneficiárias disso, do desenvolvimento dessa tecnologia, que essa tecnologia seja colocada à disposição da atividade pecuária”.

Segundo a presidente do NERBA, “a grande maioria das empresas do distrito ainda não atingiu um grau de organização nem estratégia para a inovação nem tem equipas qualificadas que permite aceder a este tipo de financiamento a investimentos” e que as várias necessidades de investimento da PME, como sejam construção/obras de requalificação, aquisição de equipamento, “não se adequam às exigências dos avisos a candidatura”. Por isso, a CIM está a divulgar os apoios financeiros, através de grupos de ação local. Pedro Lima reconhece que a burocracia é um entrave. “Realmente, o nosso tecido empresarial é composto principalmente por pequenas e até microempresas, portanto esse tem que ser o nosso foco, porque uma das dificuldades que o empresário transmontano também tem, muitas vezes, é a falta de à vontade nessas lides dos fundos e candidaturas, de como fazer”.

Outro dos problemas, no que toca à criação de novas empresas na região, são os custos. O presidente da CIM sublinha que as vias de comunicação são deficitárias e a ferrovia poderia ser uma solução. “Para realmente haver um desbloqueio seria a ferrovia de alta velocidade que atravessasse o Norte, com ligação a Espanha, porque nós estamos mais perto da Europa do que Lisboa. Isso sim, isso seria uma força de desbloqueio”.

Na sub-região Terras de Trás-os-Montes, a indústria automóvel, a agroindústria e o fumeiro têm um grande peso empresarial, assim como a agricultura e a pecuária.

Microempresas são a maioria dos negócios da região o que dificulta constituição de equipas para acompanhar e submeter pedidos de apoio ao PRR, Norte 2030 e Feder.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais/Carina Alves