Qui, 05/11/2009 - 11:19
Em Bragança, a última década conheceu o encerramento de dois dos três espaços que chegou a haver a projectar a magia do cinema.
José Fernandes foi o último a bater com a porta das suas duas salas e hoje lamenta o advento das novas tecnologias.
“Claro que o cinema teve uma quebra muito grande. No início desta década houve um decréscimo de espectadores motivado pela pirataria. Aqui em Bragança a maior clientela do cinema eram os estudantes, que são quem tem mais acesso aos computadores e à internet. Muitas vezes tínhamos filmes que já andavam a ser vistos por toda a gente”, sustenta. “Mas outro dos males é que as pessoas iam ao cinema como acto cultural, de convívio, mas essas pessoas começaram a acomodar-se em casa, porque têm bons filmes na televisão. Não falando da tv por cabo, que com isso agora tem-se acesso ao mundo todo.”
Mas a machadada final surgiu a meio da década, com a instalação de mais três salas no novo centro comercial.
“O decréscimo foi maior porque, apesar de haver uma oferta razoável em Bragança – mais do que suficiente, uma vez que nós tínhamos duas salas e a Torralta mais uma, fabulosa em termos de espaço – foram criadas mais três salas e isso funcionou ao contrário. Aumentou a oferta, diminuiu a procura. Começou a haver desinteresse porque quando a oferta é muita, as pessoas desinteressam-se.”
Apesar de não acreditar que o cinema morra completamente, é preciso que as autoridades façam alguma coisa para impedir os golpes da pirataria.
“Não penso assim. Mas claro que o cinema tem diminuído drasticamente. Na nossa terra também não há um público adulto que vá ao cinema. Os jovens, muitas vezes antes dos filmes saírem, já está tudo cheio de pirataria. Para mim, o mal está na falta de fiscalização. Se houvesse mais rigor na fiscalização, se calhar não havia tanta pirataria.”
A velhinha sala de cinema da Torralta ganha vida em época de comícios eleitorais, enquanto as duas salas do antigo Domus Cine foram transformadas num espaço cultural, com alguns serões de música ao vivo ou jogos de futebol em ecrã gigante.
Sinal dos tempos, cinema em Bragança agora só no novo centro comercial.
Hoje, dia de estreias nacionais, o público brigantino reparte-se pela Fama rejuvenescida, o This is It, de Michael Jackson e o Orgulho e Glória de uma sétima arte que não deita a toalha ao chão.
Escrito por Brigantia