Morreu mulher que contraiu legionella no hospital de Bragança

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Ter, 17/05/2011 - 11:30


Uma segunda mulher que também estava infectada pela legionella morreu sábado no Hospital de Bragança. A unidade estava a acompanhar dois casos de pneumonia contraída por legionella nas instalações do hospital.  

O primeiro, uma mulher de 75 anos, já recebeu alta.

O segundo caso, outra mulher de 43 anos, entrou no hospital a 20 de Abril e morreu sábado.

“Foi uma doente que entrou cá com uma infecção intra-abdominal que se complicou com esta pneumonia por legionella” explica Domingos Fernandes, médico responsável pela unidade de cuidados intermédios do hospital de Bragança, acrescentando que “apesar de se ter proporcionado o melhor nível de cuidados para esta doente, infelizmente acabou por falecer”.

O médico salienta que não se pode comprovar que tenha sido a bactéria a causa da morte da utente.

“A infecção da doente era grave, portanto existia um risco de vida elevado já antes da infecção pela bactéria legionella” afirma, realçando que “não posso dizer que a bactéria acelerou o processo”.

Um dos irmãos da vítima diz que não foi informado pelos médicos sobre a infecção de legionella.

“Eu não fui informado de nada. O médico chamou-me lá e disse-me que a minha irmã estava muito mal e que tinha uma pneumonia aguda. Não funcionavam nem os rins, nem os pulmões, nem o fígado ” refere Virgílio Pires, acrescentando que o clínico lhe disse ainda que a irmã “teria poucas horas de vida e que não sabia se passaria a noite, mas ainda sobreviveu durante mais cinco dias”. “A mim ninguém me falou que ela tinha contraído uma bactéria. Soube agora por vocês” revela.

Ainda assim Virgílio Pires confessa que a família não deverá avançar com qualquer acção judicial. “Até ver não porque eu tenho mais irmãos e tenho de falar com eles para ver se querem fazer alguma coisa, mas em princípio penso que não porque vamos gastar dinheiro para nada” justifica.

Além disso, Ana Pires, a vítima, era portadora de Trissomia 21.

Uma doença cuja esperança média de vida ronda os 40 anos e por isso a família, já estava preparada para a sua morte.

“Nós já sabíamos que essas pessoas têm uma certa duração de vida. Falam entre os 35 e os 40 anos. Com ela já tinha 43 também ficámos a pensar que fosse disso” diz.

De recordar que quando os casos foram detectados o Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) procedeu de imediato a uma desinfecção da canalização à base de água a altas temperaturas.

Depois de conhecidos os resultados das análises feitas à água, e que confirmaram a presença da bactéria, procedeu-se a outra desinfecção, com recurso a químicos, nomeadamente hipoclorito de sódio.

O vogal do CHNE garante que o problema está agora resolvido.

“Os técnicos dizem-nos que é impossível a bactéria suportar o teor de cloro que nós injectámos na noite de quinta para sexta” refere António Marçoa, acrescentando que “nós superámos o tempo de permanência do cloro na água. O mínimo aconselhado é de cerca de duas horas para um teor mínimo de 20 ml de cloro por litro de água e nós injectámos mais do que esse conteúdo e esteve cerca de quatro horas na canalização”. Por isso assegura que “com toda a certeza que está garantida a desinfecção”.

Ambos os casos de legionella foram detectados antes da primeira desinfecção.

Dentro de 12 dias deverão ser conhecidos os resultados da segunda análise feita à água do hospital de Bragança.

Escrito por Brigantia