Moncorvenses protestam retirada de busto de Campos Monteiro e preço da água

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Ter, 30/06/2020 - 09:13


Há alguma indignação entre a população de Torre de Moncorvo relativamente à forma como a autarquia estará a tratar algumas questões do município

Em causa está a retirada do busto em homenagem a Abílio Campos Monteiro, escritor, jornalista, médico e político, natural daquele concelho. O monumento, que se encontrava em frente aos Paços do Concelho, terá sido dali retirado por decisão da autarquia mas há diversas pessoas que dizem que o povo devia ter sido consultado. As pessoas lamentam não saber o porquê da retirada e dizem não saber onde o busto está ou onde será colocado. “A câmara é que fez isto é porque tinha ordens de superiores, mas não sei a certeza. Admirei-me terem-na retirado”, explicou Abílio Pimentel. “Só soube que a tinham retirado mas não tive conhecimento que o iam fazer. Fazem o que querem e lhes apetece”, disse Cassiano Trindade. “Foi retirado do sítio onde estava sem se ouvir a população, sem ir à Assembleia Municipal e sem ir a reunião do executivo. Isto foi uma obra que não custou nada ao erário público, foram as pessoas que se cotizaram para pôr a estátua, e o senhor presidente, como tem a maioria, faz o que quer”, referiu Manuel Sota. Já segundo Abílio Branco tratou-se de um assunto tratado “entre eles” mas “ficou mal” porque “deviam ter consultado o povo”. “Dizem que foi para restaurar e penso que irá uns metros mais para a frente”, explicou ainda. “A população de Moncorvo foi quem os pôs na câmara e eles não consultam ninguém”, sublinhou José Esperto.

Além disso, também há queixas no que respeita à água. Há facturas que, em muitos casos, mais que duplicou o valor a pagar. Algumas pessoas criticam o facto de o município ter aderido, em Novembro de 2019, à empresa multimunicipal Águas do Interior Norte, acreditando ser esse o motivo da inflação dos custos. Neste caso, os moncorvenses também consideram que deviam ter sido ouvidos. “Tenho ouvido falar que a água fica cara mas não sei a certeza”, explicou Abílio Pimentel. “É voz corrente que há pessoas que pagam duas ou três vezes mais o valor que pagavam antigamente. Fico assim um bocadinho absorto de saber que foi entregue a uma companhia... porquê?”, questionou Manuel Sota. “Não sei explicar isso porque ainda não fiz o pagamento. Puseram editais a explicar que iam passar a água para uma empresa particular mas não foi grande coisa fazer isso sem consultar o povo que era para sabermos se seria para melhor ou para pior”, lamentou Abílio Branco. “Aumenta sem sabermos porque. A população quer fazer uma abaixo assinado por causa disso e eu vou assinar”, assinalou José Esperto.

Estes e outros assuntos têm sido comentados na página de facebook “Movimento de Moncorvenses”. De acordo com uma das criadoras, Fátima Gonçalves, têm-se ali debatido problemas mais graves como o facto de o município não ter facultado material informático aos alunos que não conseguiam acompanhar as aulas à distância. “Uma criança que é pobre não tem direito de assistir às aulas. Só conseguimos um tablet, infelizmente. A algumas mães, a escola mandava, para o telemóvel, os emails com os trabalhos para os filhos fazerem. Nesse sentido, a Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo começou a fornecer fotocópias, a quem fosse pedir, e é surreal fornecer fotocópias a uma criança para fazer trabalhos acerca de uma aula a que nem assistiu”.

Perante o cenário e a interação que tem com as pessoas através da página, Fátima Gonçalves considera que o povo não é ouvido nem consultado. “Falta a opinião das pessoas, ninguém a ouve. As pessoas têm algum problema e têm de tentar encontra o senhor presidente para tentar falar com ele. O movimento surgiu por tanta falta de desinformação que há em Moncorvo”.

Sobre o busto, o presidente da câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, informou de que falaria quando a escultura fosse novamente inaugurada. No que toca aos outros assuntos, Nuno Gonçalves disse que hoje seriam dados os esclarecimentos necessários através do vice-presidente do município, Vítor Moreira.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves