Médico de Mirandela em tribunal por alegada falta de auxílio a doente

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Sex, 04/01/2013 - 16:10


Um médico que exerceu funções no hospital de Mirandela é acusado pelo Ministério Público do crime de recusa de médico a uma doente que teve problemas após uma intervenção cirúrgica e que viria a morrer. O médico incorre numa pena que pode ir até aos sete anos de prisão. 

O caso remonta ao dia 7 de Dezembro de 2006. Maria Pereira foi sujeita a uma intervenção cirúrgica no então Centro Hospitalar do Nordeste, na unidade hospitalar de Mirandela. A operação à tiróide terminou pouco depois das 13 horas e ela foi levada para o recobro cirúrgico, onde, duas horas depois, começou a dar sinais de complicações. Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, às 15.25 horas, a enfermeira de serviço naquela unidade ligou de imediato para José Alberto de Carvalho, hoje com 68 anos e então chefe do serviço de anestesiologia, responsável clínico àquela hora e agora arguido. O anestesista tinha saído do hospital para almoçar. Ao telefone, deu indicações para administrar um medicamento à paciente. Mas, cerca de 20 minutos depois, a enfermeira voltou a telefonar-lhe dizendo que o quadro clínico da paciente se tinha agravado e solicitou a sua presença.Dez minutos depois, ainda sem a presença do médico, Maria Pereira teve uma paragem cardio-respiratória. Segundo a acusação, o anestesiologista só compareceu na sala de recobro 35 minutos depois da comunicação da paragem respiratória quando já estavam a ser efectuadas manobras de reanimação. A paciente veio a falecer dez minutos após a chegada do anestesista agora arguido.Segundo o MP, esta ausência de José Alberto de Carvalho, anestesiologista e perito em gestão avançada em via aérea, esteve directamente ligada à morte da paciente.No contraditório, a defesa do arguido justifica a sua ausência com a exaustão após sete horas de trabalho, José Carvalho diz ter-se ausentado por ter sido assolado pela fome e fraqueza. Para além disso, diz ter recebido telefonema da enfermeira a informar que estava tudo normal e que já tinha sido observada por uma cirurgiã. O médico diz ter sido induzido em erro por terceiros.O MP acusa o anestesiologista do crime de recusa de médico, agravado pelo resultado, punível até sete anos de prisão.

O julgamento deste caso que aconteceu há seis anos, está marcado para o dia 21 deste mês no tribunal de Mirandela

Escrito por Rádio Terra Quente (CIR)