Qui, 09/02/2012 - 09:56
Cerca das 14H45 de ontem, foi feito um rebentamento controlado de explosivos na margem direita no rio Tua (concelho de Alijó) no âmbito da execução do desvio provisório da Estrada Nacional 212. A EDP explica, em comunicado, que “na sequência de um desmonte de rocha verificou-se a projecção de fragmentos que atingiram os trabalhadores que se encontravam a montar cofragens na boca de saída do túnel de derivação provisória do rio”, na margem esquerda (Carrazeda de Ansiães). O comandante dos Bombeiros Voluntários de Alijó tem outro entendimento.“Pelas informações que eu tenho da empresa o rebentamento foi na margem direita longe do local de trabalho e na minha experiência se as pedras tivessem sido deslocadas àquela distância os danos teriam sido muito maiores para os trabalhadores” afirma José Rebelo.Seja como for, cinco trabalhadores ficaram feridos nesta ocorrência.“Estavam todos conscientes. Tinham escoriações nos braços e no tronco, nas pernas não. Para a pessoa que apresentava maiores cuidados nós pedimos ajuda diferenciada e queixava-se da parte das costelas” refere, acrescentando que “a VMER veio ao nosso encontro, a pessoa foi estabilizada e seguiu para Vila Real”.Foi no Hospital de Vila Real que foram concluídos os tratamentos e despistados outro tipo de problemas.Estiveram envolvidos nas operações de socorro 14 bombeiros voluntários de Alijó, Favaios e Carrazeda de Ansiães, apoiados por quatro viaturas e uma VMER.O acidente de ontem voltou a atrair muitos curiosos à ponte que liga Carrazeda a Alijó e de onde se vê melhor a zona de obra. Não duvidam que se o Inverno tivesse vindo chuvoso haveria ainda mais acidentes.“Pelo que dizem esta barragem é uma das mais perigosas porque os terrenos assim o proporcionam. Se nas outras se deram acidentes, nesta aqui é provável que se dê o triplo” afirma José Idálio, salientando que “o tempo até tem estado muito bom porque se tem chovido era só vê-los cair sem eles darem por isso”.Já Maria da Conceição diz que “da maneira que têm rebentado fogo aqui qualquer dia até ficamos nós debaixo do tecto da casa. Isto já era perigoso por natureza”.Este foi o segundo acidente de trabalho, no espaço de duas semanas, nas obras da barragem do Tua. No primeiro, no dia 26 de Janeiro, morreram três operários na sequência de uma derrocada de pedras. No de ontem ficaram feridos 5 trabalhadores.O Bloco de Esquerda questionou ontem o Ministério da Economia e Emprego sobre a falta de segurança nas obras da EDP na barragem do Tua e pede esclarecimentos sobre mais um acidente.
Entretanto, o grupo ambientalista GEOTA enviou ontem para a Comissão Europeia uma queixa sobre a barragem de Foz Tua, considerando-a uma das “mais danosas” e defendendo que a sua construção deve “cessar imediatamente”.
Escrito por Ansiães (CIR)