“Lidar com os jogadores é fácil, o que é difícil lidar é com a cultura desportiva dominante”

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Qua, 25/11/2015 - 10:13


Joaquim Evangelista é o brigantino que preside o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol. São vários os problemas que afectam os jogadores, que diariamente chegam ao gabinete do sindicato.

Evangelista considera que o maior desafio não é lidar com os jogadores e os seus dramas mas sim com pessoas que no futebol acham que tudo podem fazer. “Lidar com os jogadores é fácil e o meu empenho para resolver as situações é redobrado. O que é difícil lidar é com a cultura desportiva dominante, que anacrónica, ou seja há um sentimento de impunidade e irresponsabilidade. Quem vem para o futebol acha que tudo pode fazer. O desafio maior é lidar com um estatuto dominante de uma classe de dirigentes pouco formados, arrogantes e que acham que tudo podem fazer. Felizmente, hoje em dia a regulamentação tem vindo a impor um conjunto de regras e disciplina. Mas, nos dias que correm ainda temos dificuldades para dialogar, de forma construtiva, com esses dirigentes”.Em entrevista à Rádio Brigantia e ao Jornal Nordeste, Evangelista lamentou a cumplicidade que há entre alguns clubes e empresários na questão dos jogadores estrangeiro que chegam ao nosso país, que muitas vezes são explorados e abandonados.Evangelista garante, no entanto, que o sindicato e o SEF estão atentos a esta situação. “Há um conjunto de pessoas que ganham dinheiro explorando os pais, já que estes pagam, prometendo-lhes que vão jogar na Europa em grandes clubes. Os filhos são colocados em condições desumanas e por são na maior parte das vezes abandonados. Estas pessoas, que trazem os miúdos, têm muitas vezes parceiros nacionais, há clubes e dirigentes que aceitam esses miúdos mesmo sabendo que o estão a fazer de forma ilegal. Isto é um fenómeno ao qual o SEF está atento e que o sindicato denuncia”.Os salários em atraso é outra questão que diariamente o sindicato de jogadores tenta resolver. Evangelista defende que o jogador deve denunciar estas situações, mas acima de tudo tem que estar atento a diversos fenómenos e saber lidar com eles. “Eu tenho jogadores que não têm contrato, que assinam contrato e não ficam com cópia, que vão para o estrangeiro e que vão às escuras e temos que os ajudar a regressar porque foram enganados. Hoje em dia com a globalização, com a internet, com toda a informação que existe os jogadores não se podem colocar em situações delicadas. Os jogadores têm que estar preparados para lidar com determinadas situações se querem ser profissionais a sério, caso contrário não vão passar de escalões inferiores. Mas, mesmo nas divisões inferiores o que digo aos jogadores é que a maneira como nos comportamos seja no Campeonato de Portugal seja na 2ª Liga é a maneira como nos definimos para a vida”.

Os salários em atraso, o tráfico de menores no futebol, os jogadores estrangeiros foram alguns dos temas abordados por Joaquim Evangelista, o brigantino que preside o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, em entrevista à Rádio Brigantia e ao Jornal Nordeste.

 Escrito por Brigantia