Jorge Gomes não gostou de declarações do comandante da GNR

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Qua, 11/05/2011 - 09:29


O governador civil de Bragança sugere que o comandante distrital da GNR se demita depois das declarações que fez à Agência Lusa afirmando que a força pode ficar com a frota de carros de patrulha parada por falta de dinheiro para combustível. António Fernandes queixou-se de falta de dinheiro para gasóleo e reparações. 

A culpa é da crise, diz António Fernandes. Em declarações à agência Lusa, o comandante distrital da GNR garante que está bem servido de meios humanos e materiais, mas que o dinheiro para gasóleo, reparações e consumíveis “não vai chegar para todo o ano”.Ao nosso contacto, António Fernandes recusou prestar declarações sobre o assunto ou, sequer, reproduzir o mesmo teor das queixas. Mas numa entrevista concedida à agência de notícias do Estado, garante que “este ano, possivelmente”, não vai “conseguir fazer tantos [quilómetros] porque os combustíveis não vão permitir”.Em 2010, a Guarda fez três milhões e quatrocentos mil quilómetros num trabalho de defesa e segurança das pessoas, um número que, nas previsões de António Fernandes, este ano não irá ser repetido devido às dificuldades financeiras que já se fazem sentir.Recorde-se que Bragança é um dos maiores distritos do país, com seis mil quilómetros quadrados, 99 por cento dos quais estão sob a responsabilidade da GNR. Quem não gostou das declarações do comandante da GNR foi o Governador Civil do distrito de Bragança.À Brigantia, Jorge Gomes lançou duras críticas a António Fernandes. Diz mesmo que contribuiu para aumentar o sentimento de insegurança dos cidadãos.“A GNR tem um comando geral próprio e todas estas questões são discutidas internamente entre o Comandante Geral e o ministro. Nunca foram discutidas na praça pública. É a primeira vez que oiço um comandante territorial lamentar-se que já não vai ter dinheiro para consumíveis, reparações ou eventualmente para combustíveis” refere, acrescentando que lamenta “essas afirmações porque, primeiro, a ser verdade, devem ser tratadas internamente. Serem tratadas publicamente parece-se um pouco leviano porque, se mais não fosse, os cidadãos têm direito a sentir-se seguros e tranquilos. E esta mensagem de um comandante distrital está a pô-los intranquilos. Garanto aos cidadãos que irei resolver o problema junto do ministério” assegura. Jorge Gomes sugere mesmo a demissão do comandante distrital da GNR e lamenta nunca ter tido conhecimento destas queixas antes de António Fernandes as ter feito publicamente.“Ao Governo Civil não fez chegar preocupação nenhuma, o que acho estranho. A falha existe mas existem mecanismos próprios para tratar destas questões. Não se pode pôr, de forma nenhuma, em causa, a segurança das pessoas, quando, ainda por cima, se diz que é por causa da crise” afirma Jorge Gomes. “Não cabe na cabeça de ninguém. Foi um momento menos feliz do senhor comandante e deve tirar ilações e assumir a responsabilidade daquilo que disse”, sublinha. O Governador Civil do distrito está convencido que estas declarações têm uma motivação política.“Ninguém pense que vai faltar dinheiro para o INEM nem para transportar doentes, ninguém pense que vai faltar dinheiro para a protecção civil, como não faltou, nem ninguém pense que vai faltar dinheiro para a segurança interna” garante. “Preocupa-me é que haja este tipo de lamentações e a altura em que surgem. Carácter eleitoralista? Não digo isso mas pode ter um carácter de desgaste e eu não quero levar as coisas para esse campo” conclui. 

Jorge Gomes acredita ainda que estas declarações não reflectem o sentimento da GNR do distrito, dizendo ser a posição de apenas uma pessoa e não da corporação.

Escrito por Brigantia