Qua, 27/09/2023 - 09:21
A preocupação foi deixada pelas associações de estudantes, esta terça-feira, na visita da ministra do ensino superior. Gabriel Cangussu, da Associação de Estudantes Brasileiros do IPB, conta que há estudantes ilegais, porque não conseguem fazer marcação no SEF para registo de residência.
“Alguns já vêm com agendamento para se fazer o título de residência, mas actualmente não estão a vir com esse agendamento e a demora do SEF é muito preocupante, porque os alunos têm que ligar para o SEF, o telefone raramente é atendido e quando é dizem que não há marcação. Então muitos ficam no país como estudantes ilegais durante bastante tempo até conseguirem fazer a marcação”, adiantou.
No arranque deste ano lectivo, os estudantes internacionais não estão a conseguir fazer marcações no SEF e há quem se esteja aproveitar disso. A denúncia é feita pelo vice-presidente da Associação de Estudantes Africanos de Bragança, Belmiro Zaqueu.
“Actualmente aumentou ao nível da corrupção. Há pessoas que estão a fazer agendamentos por fora e estão a cobrar os estudantes por esses agendamentos. Não estamos a perceber o porquê dessa reforma no SEF, algo que está a dificultar o problema dos estudantes que cá estão”, disse.
O aumento de alunos traz também o problema da falta de alojamento. O Governo anunciou um apoio ao alojamento para alunos bolseiros deslocados. Em Bragança pode ir até 200 euros. No entanto, o presidente da Associação Académica do IPB, André Caldeira, diz que há quem não consiga arranjar quarto e há senhorios que se estão aproveitar da situação.
“Temos recebido pedidos de ajuda nas nossas redes sociais e estamos a tentar ajudar ao máximo os nossos alunos, tentar que arranjem um quarto. A oferta como é reduzida, o valor cada vez mais aumenta, houve um aumento exponencial de preço, ao longo de cinco anos em quase 150 euros. Este apoio vindo do Governo é uma boa ajuda, mas o facto de apoiar não quer dizer que haja alojamento”, frisou.
Para colmatar a falta de alojamento, vão ser construídas quatro residências estudantis para os alunos do IPB. São mais 500 camas em Bragança, Mirandela e Chaves. O presidente do IPB, Orlando Rodrigues, espera que as obras comecem ainda este ano.
“Estão os concursos lançados e terminarão no final de Outubro, se não tivermos que fazer nenhum adiamento do concurso. A nossa perspectiva é que finais de Outubro, princípios de Novembro tenhamos a obra adjudicada e ainda este ano arranquem as obras. O montante total é à volta de 16 milhões, mas vai ser um pouco superior a isso”, avançou.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ouviu as preocupações dos alunos, entre elas a necessidade de uma nova Escola de Saúde. Na visita às instalações, a ministra Elvira Fortunato admitiu que não tinha noção da falta de condições e diz que vai fazer os possíveis para que o projecto da nova escola avance.
“Quando estamos nos locais e vemos exactamente os problemas, penso que é muito importante. Tive a oportunidade de falar com o senhor presidente do IPB, não estava a par do problema real, daquilo que eu puder tudo farei para que este problema que está a existir com este terreno seja desbloqueado e que se possa construir uma escola que dignifique”, referiu, acrescentando que quanto ao financiamento tem que ser do ministério, da instituição e da região.
Perante o número de alunos estrangeiros em Portugal, a ministra adiantou ainda que vai ser criado um curso superior que seja reconhecido por todos os países que falam a língua portuguesa.
O Instituto Politécnico de Bragança tem 10 500 alunos, 3600 são estrangeiros, de mais de 50 nacionalidades diferentes.
Escrito por Brigantia