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Greve dos professores encerra agrupamentos de escolas no distrito

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Sex, 20/01/2023 - 10:39


A greve dos professores levou ao encerramento de várias escolas pelo distrito

90% dos professores do distrito de Bragança estão em greve, o levou ao encerramento de vários agrupamentos de escola. No protesto, esta manhã, na Praça da Sé, em Bragança, representante da plataforma que inclui oito organizações sindicais, Carlos Silvestre, falou de uma forte adesão.

"Em Alfândega da Fé a escola vai fechar e não é só pelos professores, mas também pela cantina, em Carrazeda de Ansiães a adesão é de 70%, em Macedo é de 100%, Miranda de 99%, secundária de Mogadouro é de 90%, Vimioso é de 100%, Vinhais é de 100%. Em Bragança está tudo praticamente aos 95%. Na cidade de Bragança, neste momento, não deve estar a haver aula nenhuma. Sabemos que na Miguel Torga há dois ou três professores a dar aulas, assim como na Paulo Quintela, mas são os professores que estão em avaliações e estão a ser observados", adiantou. 

Além da precariedade dos salários e das zonas pedagógicas, Carlos Silvestre criticou o sistema de mobilidade por doença e o excesso de alunos nas turmas.

"As pessoas não têm as mesmas condições que têm em Lisboa e no Porto, têm que se deslocar, têm que procurar os serviços de saúde. A questão do número de alunos por turma, como é que nós temos 30 alunos por turma, se há tantos professores que eles dizem, onde é que eles estão? Porque é que têm as turmas tão grandes? Se têm muitos professores, dividam os alunos por turmas, para que haja mais qualidade na educação e no ensino", disse.

Devido às poucas zonas pedagógicas, os professores na região a fazer em média 200 km por dia.

"Há colegas que vão para Penafiel, Amarante, Paços de Ferreira. Em média os professores fazer 100 a 200 km por dia. É inacreditável que nem isso possa ser deduzido em IRS, como deduzem outras profissões", frisou.

O agrupamento de escolas Abade Baçal, em Bragança, nem sequer chegou abrir portas. A dirigente sindical dos Professores do Norte, Teresa Pereira, esteve em protesto à porta da escola a realçar o descontentamento dos professores.

“Há professores com muito tempo de serviço e estão a meio da carreira, portanto, não vão chegar ao final. É necessário que nos vão repondo, ainda que faseadamente, o tempo que foi retirado, neste momento ainda estão seis anos e meio por repor aos professores”, disse.

Esta manhã, o ministro da Educação está reunido com a Fenprof para mais uma ronda de negociações. Teresa Pereira afirma que as medidas do ministério são meros remendos. A diminuição das zonas pedagógicas, para que os professores fiquem colocados mais perto de casa. No entanto, a dirigente sindical alerta para problemas que possam surgir daí.

“Irá ser pior, segundo esta proposta, que é fazer o aproveitamento de horas de professores que não tenham horário completo, que terão de ser completados nessas escolas dessa zona, o que implica que à sua custa terá que se deslocar, por exemplo, de Bragança a Vinhais”, explicou.

João Afonso é professor há 36 anos e também aderiu ao protesto. O docente diz que está em causa a dignidade e o respeito pelas pessoas, criticando as propostas que estão a ser feitas pelo ministério da Educação.

“Não percebo porque há aversão à lista graduada, não consigo entender. Se têm vagas para quadros de zona, disponibilizem as vagas, cria-se uma lista ordenada, e em função dessa lista, os professores vão ocupar essas vagas”, referiu.

O agrupamento de escolas de Miranda do Douro está encerrado, assim como o de Vinhais. De acordo com o dirigente sindical dos Professores da Zona Norte, Manuel Pereira, a adesão superou as expectativas.

Na escola secundária Emídio Garcia meia centena de professores também estiveram em protesto, mas a escola não fechou por haver assistentes operacionais que assegurem o funcionamento da escola.

As escolas do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, à excepção do Jardim-de-Infância de Travanca, estão todas encerradas esta sexta-feira devido à greve dos professores e restantes profissionais da educação, cuja adesão ronda os 100%.

Às 11h os professores os vários sindicatos vão concentrar-se na Praça da Sé, em Bragança, para apresentarem uma moção.

A greve começou na segunda-feira e é convocada por uma plataforma de oito organizações sindicais.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais