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EDP limpa mata com cortes “excessivos”

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Sex, 20/02/2009 - 08:25


Um abate de árvores na freguesia de Espinhosela, em Bragança, feito pela EDP, está a ser contestado pelos proprietários dos terrenos. Nos últimos dias, na aldeia de Terroso, uma firma subcontratada pela empresa eléctrica procedeu ao corte e destroçamento de matas para criar faixas de descontinuidade junto às linhas de média tensão de forma a evitar a progressão de eventuais incêndios e protecção de infra-estruturas. No entanto, os proprietários contestam o modo como o trabalho foi feito.  

Em Terroso, a população está revoltada com a forma como a Floponor, uma empresa da Guarda que trabalha na área da silvicultura, procedeu ao abate de carvalhos, numa zona atravessada por uma linha de média tensão.

Ao serviço da EDP, a empresa destroçou a mata numa faixa de cerca de 15 metros para cada lado do poste, em vários quilómetros de extensão.

 

Os trabalhos de limpeza são frequentes, através do corte de alguns ramos mais altos.

Desta vez foi diferente e a população insurge-se contra o facto de as árvores terem sido totalmente abatidas. “Se algum carvalho tocasse nos fios ninguém se importava mas a cortar com aquela largura não pode ser” refere Maria Cândida Mendes, uma habitante de Terroso acrescentando que “eles não estão a cortar só os galhos cortam mesmo d’afeito, mesmo rentinho ao chão” explica.

 

A zona está inserida no Parque Natural de Montesinho e por ser uma área protegida é necessária uma licença para proceder ao corte das árvores.

Maria Libania Pires foi uma das proprietárias lesadas e contesta os entraves colocados aos proprietários e a aparente facilidade com que este trabalho foi efectuado. “Não estamos de acordo porque se nós quisermos ir cortar para fazer lenha para a lareira não nos deixam, temos de pedir uma autorização ao Parque Natural de Montesinho” afirma a proprietária salientando que “mesmo assim não nos deixam cortar o carvalho que nós queremos têm de ser eles a decidir”.

 

Quando se deparou com a situação Maria Emília Pires, outra proprietária, chamou a GNR e conta que a partir daí a actuação foi diferente. “Agora só cortam os galhos que estão mesmo a bater nos fios e o monte rasteiro, urzes e giestas” refere.

 

Os proprietários queixam-se também de não terem sido contactados.

Souberam da intervenção através de um aviso enviado pela Floponor para a junta de freguesia e afixado com três dias de antecedência.

O autarca local diz que devia ter havido maior esclarecimento. “As pessoas ficaram insatisfeitas pois devia ter sido contactados e a junta convocada para explicar aos agricultores o que ía ser feito” considera Hélder Martins.

 

Contactada a EDP, a empresa limita-se a dizer que “está a proceder à limpeza da Rede Secundária da Faixa de Gestão de Combustível aprovada pelos Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios” aos quais tem que dar cumprimento obrigatório.

A EDP informa ainda que o produto das limpezas é restituído aos proprietários.

O trabalho “tem sido acompanhado pelas autoridades locais e Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB)”.

 

No entanto, fonte do instituto admite que houve um “excesso nos cortes feitos” e que apesar da Floponor ter pedido parecer, o trabalho foi feito antes de ter sido dada autorização.

A mesma fonte adianta que para reparar os estragos, o ICNB está a avaliar a possibilidade de fazer uma reflorestação compensatória.

 

A Brigantia contactou ainda a Floponor que não esteve disponível para prestar esclarecimentos sobre o assunto.

Escrito por Brigantia