Sex, 30/10/2009 - 19:39
“Foi no tempo dos celtas, sobretudo dos povos anglosaxónicos da Irlanda, Inglaterra e Alemanha, um dia ligado à tradição da passagem do Outono para o Inverno. Na prática, era um dia em que se comemorava a recolha dos frutos. Havia uma festa, regra geral de três dias, 31 de Outubro, 1, 2 e 3 de Novembro, em que se comemorava essa recolha e as pessoas davam graças ao divino por terem fertilizado as terras. Havia mesmo uma noite, de 31 de Outubro para 1 de Novembro, que se chamava a Hallow Evening. Com o decorrer do tempo, os papas católicos tentaram transformá-la numa festa católica, no dia de Todos os Santos.”
De acordo com este professor de Sociologia da Educação no Instituto Politécnico de Bragança, é na Idade Média que a tradição começa a ganhar uma conotação mais negra.
“Não só porque nos séculos XIII e XIV aconteceram a peste bubónica e a peste negra. Mas também porque nos séculos XV e XVI se desenvolveu a Inquisição, e a noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro era aproveitada para intensificar as perseguições. Daí o facto de se comemorar com cruzes e máscaras.”
Por cá, ainda são poucos os que lhe dão um grande significado. Confunde-se até com uma noite de carnaval.
“Quando andava na escola primária não festejávamos o halloween. Até porque estudava num colégio de freiras e esta é uma festa profana. Curiosamente, hoje os meus filhos, que continuam num colégio de freiras, já se introduz o halloween”, revela Alda Correia.
Para um transeunte, o Dia das Bruxas lembra “máscaras, música, terror, é um dia festivo onde toda a gente se mascara, especialmente as crianças, que vão de porta em porta a pedir doces.” Para outro popular, “é um dia diferente, onde ninguém leva nada a mal”.
Uma ideia confirmada também por Henrique Ferreira.
“No caso de Trás-os-Montes a festa não tem tradição. Está agora a ser incorporada vinda dos EUA, por uma mera moda de copiar a festa e aproveitar o convívio.”
Um pouco por toda a região transmontana se vão organizando encontros e festas para assinalar o Dia das Bruxas.
O mais conhecido será em Vilar de Perdizes, no concelho de Montalegre.
Mas, para este sociólogo, mais do que a tradição, é uma forma de aproveitar para fazer negócio.
“A festa de Vilar de Perdizes é a manutenção da tradição medieval, de invocar o Além, a exorcização dos fantasmas, para sobreviverem. Actualmente, é uma tentativa de reviver a tradição para chamar a atenção para os valores da terra. Neste momento é comércio.”
Para além deste encontro, também os bares aproveitam para fazer negócio com festas temáticas um pouco por toda a região transmontana.
Escrito por Brigantia