Ter, 26/09/2023 - 09:07
Apesar de parte da rua estar classificada como pedonal, não só apenas os veículos autorizados, como fornecedores e trabalhadores, circulavam por ali, mas também era habitual ver viaturas particulares a fazer uso dela.
Esta decisão não agradou aos comerciantes daquela rua, que relataram vários constrangimentos desde que o acesso foi impedido.
João Vieira é proprietário de uma pastelaria naquela zona que fornece vários estabelecimentos. Conta que o fecho da rua dificultou muito a vida a trabalhadores, fornecedores e clientes:
“É um problema gravíssimo e quem tomou a decisão fê-lo de ânimo leve e não saber o que estaria a fazer ou a pensar, sem ouvir os comerciantes. Eu, como responsável de uma empresa quem emprega 40 funcionários aqui, estou imensamente revoltado por colocarem ali umas floreiras a impedir as cargas e descargas de carros para nos abastecerem e os nossos próprios carros de poderem circular. É um transtorno enorme, tanto para os fornecedores como para os clientes, que fazem encomendas de algum valor e não podem estacionar um carro no parque para levar quatro ou cinco caixas na mão. Ainda hoje aconteceu com que o camião de um fornecedor de recheio não conseguiu entregar mercadoria porque a rua estava fechada.”
Carina Lopes é proprietária de um café naquela rua e também não concorda com o fecho da rua. De acordo com a comerciante, dificulta o trabalho dos fornecedores e põe em causa alguma segurança.
“Acho que ela ficou menos pedonal porque agora o trânsito faz inversão de marcha na Praça Agostinho Valente, em frente ao nosso estabelecimento. Por mais complicado que isto possa parecer, acho que é preciso adequar as terras às gentes. Sabemos que as pessoas vão ali de táxi carregar as compras e muitos comerciantes de cafés das aldeias vão à tabacaria buscar tabaco. Não falo por mim, pois é raro que alguém vá tomar café de carro, mas sei que há outros comércios, que em termos de trânsito, ficam mais afetados. A mim o que me afeta é a preocupação de haver ali inversão de marcha de veículos e causar algum transtorno quanto à saída e entrada para o meu estabelecimento e acho que não fica bonito. Queria que a Câmara nos explicasse qual o intuito deste fecho de rua, porque não nos foi explicado.”
Perante o descontentamento da generalidade dos comerciantes daquela zona da cidade, a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros convocou para a passada quinta-feira à noite uma reunião, na qual a questão foi debatida e foram recolhidas assinaturas para entregar, juntamente com um manifesto de descontentamento, à autarquia.
No entanto, desde sexta-feira que a rua volta a estar aberta, mas limitada apenas a viaturas de trabalho.
O vice-presidente da autarquia de Macedo, Rui Vilarinho, que garante ter consultado alguns comerciantes e não comerciantes antes de fechar a rua, explica que decidiram fazê-lo por uma questão de segurança, mas depois de constararem que havia constrangimentos, entenderam que não foi a melhor opção:
“A decisão foi tomada só para tentar acabar com o trânsito oportunista, que acontecia diariamente. Aliás, 90% do trânsito que ali acontecia era trânsito oportunista, só para fazer um atalho. Carros com velocidades inadequadas para aquele espaço e é uma rua pedonal. Houve um atropelamento há pouco tempo e tem havido situações perigosíssimas. Constatámos in loco, depois de falar também com alguns comerciantes, que os camiões pesados tinham muita dificuldade em fazer inversão de marcha, o que causava ali constrangimentos terríveis. Depois de conversar com a associação comercial, entendemos abrir novamente, mas mais condicionado do que estava. Os carros ligeiros que não estejam identificados como de trabalho não podem entrar ali. Só é permitida a entrada a carros pesados, viaturas de socorro e viaturas, ligeiras ou não ligeiras, que devidamente identificadas como de trabalho, irão passar por ali para efetuar o seu serviço.”
E para garantir que as normas são respeitadas, a Câmara vai pedir um reforço de patrulhamento da GNR.
Escrito por Onda Livre (CIR)
Foto: Rádio Onda Livre