Bombeiros obrigados a comprar ambulâncias porque as do INEM são insuficientes

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Ter, 15/04/2025 - 09:09


Na semana passada, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar alertou para a falta de meios do INEM, numa região onde os concelhos estão a grande distância do hospital central

Os bombeiros viram-se obrigados a comprar ambulâncias de emergência médica, porque o INEM cede apenas uma viatura.

Na semana passada, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar alertou para a falta de meios do INEM, numa região onde os concelhos estão a grande distância do hospital central.

Segundo o comandante da corporação de Bragança, Carlos Martins, por mês fazem, em média, 370 ocorrências de emergência. Para conseguir responder às necessidades da população têm vindo a adquirir ambulâncias. “Se fizermos as contas facilmente percebemos que é impossível fazer estas ocorrências mensais só com uma ambulância. A nossa corporação além da ambulância PME do INEM tem mais nove ambulâncias de socorro, ou seja, com a tipologia igual à do INEM e é isto que nos permite fazer todas estas ocorrências, porque há dias que temos sete ambulâncias ao mesmo tempo em socorro”, adiantou.

No distrito há 15 corporações de bombeiros, 12 são Postos de Emergência Médica. Cada um tem assim uma ambulância cedida pelo INEM. Mas não chegam e por isso os bombeiros têm de atuar fora da sua área para ajudar outras corporações. Embora reconheça que o INEM devia disponibilizar mais meios, Carlos Martins critica os bombeiros que deixam de atender a emergências médicas só porque têm a ambulância do INEM ocupada.

O subsídio mensal do INEM dado às corporações que são Posto de Emergência Médica aumentou de 6 700 euros para 8 700 euros. Este aumento é para as próprias corporações comprarem as viaturas, que até aqui eram dadas pelo INEM. Segundo o comandante dos bombeiros de Bragança, este apoio chega e sobra. “Se fizermos as contas, em seis anos, esses dois mil euros a mais, chega para comprar a ambulância e se for preciso até sobra. Ao fim de seis anos essas ambulâncias não servem para PEM, mas podem ser aproveitadas para reservas e para segundos PEM. Assim quando comprarem a próxima, já fica com duas”, disse.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar reclama ainda ao Governo que permita que os bombeiros façam a formação dos técnicos pré-hospitalares. Carlos Martins reconhece que pode ser vantajoso e diz que estarem recetivos. “Se os bombeiros conseguirem alcançar esse patamar ou se tiverem acesso a esse tipo de formação vai ser muito melhor e as vitimas terão tratamento mais adequado quando foram socorridas por estes elementos”, defendeu.

Confrontado com as reclamações do sindicato, o INEM assegurou à rádio Brigantia que o aumento do subsídio vai “garantir a sustentabilidade do serviço” e “promover uma maior e melhor cobertura nacional da rede de emergência médica, com especial foco nas regiões do interior”. O presidente da Federação Distrital dos Bombeiros, Diamantino Lopes, desmente. “Esses dois mil euros preveem a aquisição de uma viatura, portanto não vem melhorar em nada a capacidade de resposta, por isso é que eu dizia que não concordava, melhora a situação financeira numa determinada perspetiva”, disse.

Na região há apenas uma VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), situada em Bragança, duas ambulâncias SIV (Suporte Imediato de Vida), uma em Mirandela e outra em Mogadouro, e um helicóptero do INEM, sedeado em Macedo de Cavaleiros.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais