Associação de Produtores de Leite do Planalto Mirandês contesta aumento de quotas de produção

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Qua, 19/03/2008 - 08:11


“Mais uma artimanha das empresas transformadoras” e “mais uma prova da má política do Governo”. É assim que a Associação de Produtores de Leite do Planalto Mirandês vê o aumento das quotas de produção leiteiras, decididas esta segunda-feira, no Conselho de Ministros da Agricultura em Bruxelas. Uma subida de dois por cento, com a qual esta Associação não concorda.

Segundo o presidente da Associação de Produtores de Leite do Planalto Mirandês este aumento da quota de produção vai levar à perda de rendimento, porque, apesar do preço do leite não descer nas prateleiras dos supermercados, vai baixar para quem o produz. “Dizia ontem o senhor ministro da agricultura que o preço não ia baixar, o preço não baixou nos supermercados mas na produção já baixou”, salienta Higino Ribeiro. “O aumento de quota de produção para nós vai nos implicar a perda de rendimento, se houver mais leite menos preço haverá, é simples, é a lei da oferta e da procura”, explica o dirigente da associação, que diz ainda que, “ isto é mais uma artimanha das empresas transformadoras e recolhedoras de leite que já arranjaram aqui maneira de meter mais uns euros nos cofres”. 

 

Higino Ribeiro não concorda com a forma como este aumento vai ser aplicado, pois dois por cento em países como a França, são tanto como aquilo que Portugal produz actualmente, ou seja, cerca de um milhão e quatrocentas mil toneladas de leite. “A França tem acho que 50 milhões de toneladas de quotas e nós temos um milhão e quatrocentas mil, eles com um aumento de 2% têm um aumento igual à nossa quota”, refere o presidente da associação. “Isto é mais uma razia para nós, acho que não temos voz, não temos poder para reivindicar uma coisa dessas, as decisões estão tomadas e é isso que vai acontecer”, declara Higino Ribeiro.

Em termos europeus, dois por cento de aumento da produção significam mais dois milhões de toneladas de leite. Portugal terá de produzir mais 38 mil toneladas, das quais 20 mil vão ser atribuídas aos Açores. Higino Ribeiro garante que esta acção vai sair cara ao país, “vinte mil só para os Açores, nós ficamos com 18 mil, isto não é nada em relação à comunidade, porque há países que recebem esta quota só no aumento, toda a quota que nós temos recebem-na eles no aumento, é mais uma acção que nos vai sair cara a nós”.  

 

O presidente da Associação de Produtores de Leite do Planalto Mirandês termina comparando o ministro da agricultura com o ex-ministro da saúde. “O senhor ministro da saúde foi saneado por fechar SAP’s, acho que o nosso ministro da agricultura devia ser saneado por fechar explorações agrícolas, ele é culpado, o senhor ministro da agricultura e o governo pelas más políticas em relação à produção”, conclui Higino Ribeiro .

 

Apesar das quotas de produção do leite terem de subir a partir de Abril, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, já garantiu que este aumento de dois por cento não vem desequilibrar o mercado a favor do consumir, ou seja, os preços do leite vão manter-se.