Ter, 30/07/2024 - 08:21
Três anos e oito meses depois, a Investigação a cargo da Polícia Judiciária revela que não foi possível identificar suspeitos e deixa entender que terá sido um tiro acidental. No entanto, a família da vítima não se conforma e admite reabrir o processo.
“O meu filho merece justiça porque foi assassinado”. É assim que a mãe de Cláudio Nascimento - o homem de 32 anos resgatado, sem vida, do rio Tua, próximo da aldeia de Valverde da Gestosa (Mirandela), depois de ter sido atingido na zona da cabeça com um tiro disparado por uma arma caçadeira, quando estava a pescar – reage ao relatório que recebeu do Ministério Público (MP) a informar a família de que o processo de investigação foi arquivado. “Chegaram à conclusão que terá sido uma morte por engano e que não foi possível obter provas de quem terá sido o autor”, revela Maria José.
Apesar de terem ouvido mais de uma centena de pessoas, entre caçadores e amigos, “não encontraram nada de concreto”, lamenta a mãe da vítima. Mas, “para mim, não foi um caçador e já tenho um advogado para reabrir o processo”, acrescenta, sem conter as lágrimas e não conseguindo disfarçar a dor que carrega desde aquele fatídico dia. “É uma dor muito grande não saber quem matou o meu filho. Ele era um muito bom rapaz, não fazia mal a ninguém, todos gostavam dele, aqui na aldeia”, conta.
Maria José também não acredita na possibilidade de ter sido um ajuste de contas. “O meu filho conversava muito comigo e se houvesse alguma ameaça, acho que ele contava-me o que se passava”, refere.
Cláudio era filho único de Maria José e Sérgio Nascimento. “Sempre viveu connosco. Lá ia de vez em quando com o pai às campanhas e ganhava algumas jeiras por aqui”, revela a mãe com olhar fixo numa das várias fotografias de Cláudio espalhadas pela casa. “O quarto dele continua tal como ele o deixou, com todas as coisas que ele tinha. As bandeiras, os aviões de colecção, as bolas de futebol, porque ele gostava muito de futebol ciclismo e também de pesca”, recorda.
Não são conhecidas as circunstâncias em que ocorreu a morte de Cláudio Nascimento. Sabe-se apenas que nessa tarde, do dia 29 de Novembro de 2020 (domingo), a vítima foi à pesca, como era habitual, no local, conhecido como a zona da “fraga velha”, a mais de dois quilómetros da aldeia. “Nunca mais dava notícias nem aparecia, fui saber dele àquele sítio, estava lá a mochila, a cana de pesca e o chapéu e muito sangue espalhado”, contou o pai, Sérgio Nascimento.
Foram accionados os bombeiros e os militares da GNR e o corpo foi resgatado da água do rio Tua, já na madrugada do dia seguinte. Ao que apurámos, Cláudio terá sido atingido na zona da cabeça com um tiro disparado por uma arma de grande porte, provavelmente uma caçadeira.
Escrito por Terra Quente (CIR)
Foto: Rádio Terra Quente