Produção de figo na região com quebras significativas devido às altas temperaturas

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Qua, 18/09/2024 - 09:25


As temperaturas extremas durante o Verão trouxeram prejuízos na produção de figo

A cultura é cada vez mais uma aposta dos jovens agricultores da terra quente, contrariando a tendência do olival, da vinha ou da castanha. Beatriz Pilão, produtora com 15 hectares no Vale da Vilariça, conta que este ano teve quebra de 20% na produção. “Foi um bocado complicado, em termos de condições climáticas, ou seja, houve, no início de Agosto, temperaturas extremas, passamos os 40 graus, e os figos acabaram por ficar alguns queimados. O ciclo acabou por ser mais curto e os figos não conseguiram vingar, acabando, muitos deles, por cair”.

A agricultora começou a produção há uma década e escolheu o Vale da Vilariça, no concelho de Vila Flor, devido a ter regadio. Embora a rega minimize os prejuízos causados pelas temperaturas extremas, Beatriz Pilão vê-se obrigada a fazer um uso controlado devido aos gastos. “Tenho rega só que eu também tenho de controlar os custos de produção. Tenho custos com a água, com a electricidade, para bombear uma parte da água para o mar e, portanto, tudo isso são custos. E, muitas vezes, também não conseguimos valorizar o produto da forma que gostaríamos, para conseguir maximizar o lucro”.

O figo é pago de acordo com as exigências dos clientes. Filipe Carcau, jovem agricultor com 30 hectares de figueiras no concelho de Mirandela, admite que o preço pode ser muito variável, mas ainda assim não é justo. “Varia em função daquilo que fazemos com o figo. Portanto, temos clientes que nos pedem o figo já quase pronto para entrar nas prateleiras das lojas e temos outro figo que é vendido mais a granel. Vai depender também dos calibres. Portanto, é uma coisa muito variável. Mas podemos considerar que os preços podem variar entre 85 cêntimos e 4 euros o quilo. Não podemos considerar que seja justo porque existem sempre muitas margens que ficam nos intermediários”.

Em relação à campanha anterior, também teve uma quebra de cerca de 20% e com tamanhos mais reduzidos. “Foi um ano médio em termos de produção, afectado essencialmente pelas vagas de calor do mês de Julho. Eram calibres médios, essencialmente, e o ideal é termos sempre calibres grandes em qualquer fruta”.

De acordo com o Centro de Gestão da Empresa Agrícola Vale do Tua, instituição situada em Mirandela que apoia os agricultores, quer a nível técnico, quer a nível burocrático, há cada vez mais agricultores a apostar na figueira, “80%” são jovens.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais