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Apicultura atravessa o pior ano de sempre

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Qua, 31/05/2023 - 08:55


Profissionais desesperam por apoio do Governo

As quebras de produção de mel têm sido significativas nos últimos quatro anos devido às oscilações de temperaturas. Os apicultores dizem que a actividade já não é rentável.

Carlos Alves é o maior apicultor do Parque Natural de Montesinho. Tem 1200 colmeias, em Passos de Lomba, concelho de Vinhais. A apicultura começou por ser um passatempo, mas há cerca de sete anos decidiu profissionalizar-se, quando a actividade ainda era “rentável”. Agora, os prejuízos são grandes. “Pelas minhas contas anuais, o ano passado, na minha exploração, que se dedica exclusivamente à produção de mel, tive prejuízos entre os 12 a 15 mil euros”.

A continuar assim, pondera deixar a actividade, porque começa a ser intolerável aguentar os custos de produção. “Se este ano tiver perdas, em 2024 tenho que pensar seriamente se posso continuar ou não na actividade porque está a deixar de ser rentável. As produções estão a ser muito baixas, o custo de produção está elevadíssimo, os materiais para a apicultura estão muito caros, os alimentos também, o preço deles duplicou”.

O apicultor não compreende a falta de apoios do Ministério da Agricultura. “A falta de apoios, que temos pela parte do Estado, não se compreende porque nós temos que seguir as normas europeias, a nível de produção, tanto de bens derivados da apicultura como a forma como tratamos as colmeias. Quando se trata de direitos… não temos os mesmos direitos que os apicultores europeus”.

O presidente da Associação Apicultores Parque Natural de Montesinho, Manuel Gonçalves, nos últimos anos as produções de mel têm vindo a cair drasticamente e não se lembra de o sector estar a atravessar uma fase tão difícil. “Quando acabar o apicultor acaba a apicultura e, neste momento, a apicultura está a passar a pior fase de que nos lembramos. Eu tenho cerca de 40 anos de apicultor e nunca me lembro de passar por uma fase destas”.

Manuel Gonçalves é ainda presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal e lembra que não há qualquer apoio directo aos apicultores e pede que o Governo tome medidas urgentes. “A única coisa que reivindicamos é uma medida agroambiental e os apoios que todas as outras actividades agrícolas têm”.

Para que uma colmeia seja rentável tem que produzir pelo menos 10 quilos de mel. No ano passado, na Terra Quente Transmontana, os apicultores conseguiam colher apenas três quilos.

A Câmara Municipal de Vinhais quer ajudar os apicultores do concelho. Por isso, o executivo municipal criou um apoio, que virá a ser aprovado na Assembleia Municipal, que consiste na ajuda monetária de 2 euros, por cada colmeia, até 30 colmeias, e de 1,5 euros, por colmeia, a partir de 30 colmeias.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais