Qua, 02/02/2022 - 09:19
Alguns habitantes da aldeia de Frechas afirmam que houve várias descargas durante a última semana, a última delas durante o fim-de-semana e que deixou o rio com muita sujidade, espuma e manchas de óleo.
“Desde a passada segunda-feira, já são três descargas que vêm para o rio. Já estou aqui há 15 anos e é sempre esta miséria, porque deita cheiro e fica tudo preto, com lamas e cheio de borras”, contou a proprietária de um bar à beira rio.
“Já não tem conta as vezes que isto aconteceu. É um cheiro que nem sequer se pode parar aqui. Isto parece óleo que é da fábrica”, disse outra habitante.
Confrontado com as queixas dos moradores de Frechas, o proprietário da fábrica das Latadas limitou-se a dizer que não se encontrava na região, mas que não tinha conhecimento de qualquer tipo de descarga efectuada para o rio, por parte da sua empresa. No local, esteve uma equipa do Núcleo de Protecção Ambiental da GNR de Mirandela que elaborou um auto de notícia e informou a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) sobre o caso, cabendo àquela entidade avaliar da necessidade de fazer recolha de amostras da água para análise laboratorial, no sentido de conferir se estamos perante um crime ambiental. Também o vereador da autarquia, Vítor Correia, esteve, esta segunda-feira, no local e da empresa obteve a resposta de que se terá tratado de uma avaria. “Relataram que se tratou de uma avaria, possivelmente provocada pelo gelo de uma máquina que faz um bypass entre uma estação e outra e que terá provocado uma ruptura e o extravasamento das águas”, referiu.
Mas ressalva que o Município vai ficar a aguardar os relatórios da APA e da GNR, para agir em conformidade.
Já no Verão de 2017, foram encontrados milhares de peixes mortos, no mesmo local, alegadamente provocados por uma descarga poluente, e em maio de 2018, também foi visível uma mancha negra na água com um cheiro insuportável. O presidente da junta de freguesia de Frechas diz já ter alertado as entidades sobre estes casos, mas até agora não tem havido qualquer desenvolvimento. Fonte ligada a este tipo de processos, adianta que, mesmo sendo aplicados autos de contra-ordenação às fábricas alegadamente prevaricadoras, com coimas a rondar os 30 mil euros, os processos arrastam-se nos tribunais, sendo muito difícil de provar as causas dos crimes ambientais, a não ser que sejam apanhados em flagrante delito.
Escrito por Terra Quente (CIR)
Foto: Terra Quente